OPINIÃO
Sakamoto: Nunes não tem futuro enquanto líder político e sabe disso
Colaboração para o UOL
28/10/2024 17h49Atualizada em 28/10/2024 20h04
O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que não tem interesse em disputar outra eleição após os seus 4 anos de mandato — mas ele também sabe que não tem capital político para alçar voos maiores, apontou o colunista Leonardo Sakamoto durante o UOL News desta segunda-feira (28).
A declaração de Nunes foi feita em entrevista à BandNews TV hoje. "Meu desejo é que seja a última eleição, acho que já dei minha contribuição. Falo de coração, gosto da política, quero ajudar o Tarcísio, porque acredito muito nele, mas acho que de eleição, realmente, para mim, é a última", afirmou.
Sakamoto observa que Nunes tira a pressão sob Tarcísio ao falar sobre o assunto tão rapidamente.
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Nunes não tem essa projeção, e acredito que ele saiba disso. Ele já deu a entender em várias entrevistas que sua meta é a prefeitura, e nada mais. Para o tamanho político que ele tem hoje, isso é ótimo, e demonstra que não tem interesse no governo do estado, o que tira a pressão sobre Tarcísio. Tarcísio poderá, em 2026, tentar a reeleição em São Paulo ou a presidência da República.
Leonardo Sakamoto
O colunista destaca, porém, que o próprio prefeito não é uma figura política de quem se espera "voos mais altos" sem a articulação formada em torno dele para a disputa de 2024. Nesse caso, Nunes se difere de Gilberto Kassab, presidente do PSD e ex-prefeito da capital paulista.
Ele foi a representação de uma confluência de projetos. Foi o candidato escolhido por já estar na prefeitura, uma solução óbvia, mas Ricardo Nunes não é visto como uma liderança política, nem em São Paulo, nem no estado, nem no país. Ele não tem projeção, não é o tipo que arrasta multidões ou empolga o público.
Durante a campanha, ele melhorou sua capacidade de comunicação, mas seu longo e repetitivo desabafo após a vitória mostrou que não estávamos assistindo à coroação de uma liderança política. Segundo o Datafolha, 63% dos eleitores que disseram votar em Ricardo Nunes admitiram fazer isso por falta de opção, e não por vontade genuína.
Ricardo Nunes não é uma liderança política ascendente, com capacidade para voos maiores sem uma confluência de condições ideais. É diferente de Gilberto Kassab, que era vice e, ao assumir como prefeito de São Paulo, soube se firmar politicamente, ampliou seu cacife, criou o PSD, e hoje o partido tem influência nacional, com muitas prefeituras e vereadores. Decisões políticas de peso passam por Kassab.
Leonardo Sakamoto
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