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Tragédia ambiental no golfo do México completa 50 dias, e dimensão do desastre só aumenta

Vazamento de óleo varia de 12 mil a 25 mil barris diários ; <b>Veja mais fotos do desastre</b> - Eric Gay/AP
Vazamento de óleo varia de 12 mil a 25 mil barris diários ; <b>Veja mais fotos do desastre</b> Imagem: Eric Gay/AP

Do UOL Notícias*<br>Em São Paulo

09/06/2010 08h09

Uma das piores tragédias ambientais envolvendo petróleo na história, o vazamento da plataforma controlada pela BP (British Petroleum) no golfo do México chegou ao 50° dia ainda sem solução e com um saldo ainda incalculável dos estragos causados à natureza. De acordo com a estimativa oficial do governo norte-americano, o vazamento de óleo varia de 12 mil a 25 mil barris diários, volume que equivale a aproximadamente uma piscina olímpica de petróleo derramada no golfo do México por dia.

Apesar dos números, ainda não há consenso entre os especialistas sobre a eficácia dos planos de contenção do vazamento e a quantidade de óleo derramada por dia efetivamente. Na segunda-feira (7), por exemplo, cerca de 11 mil barris de petróleo estavam sendo capturados, enquanto algo entre 12 mil e 25 mil barris seguiam vazando.

O governo dos Estados Unidos já admitiu que o trabalho de mitigação dos efeitos do vazamento na natureza do golfo do México pode levar anos. A mancha de petróleo se desintegra em muitos pedaços, e isso faz o óleo se espalhar por uma área maior. Mesmo que o vazamento seja contido em poucas semanas, os trabalhos de retenção da mancha à deriva na região podem durar até o início de dezembro, avaliam especialistas.

Nesta terça, novas informações trouxeram mais um alerta sobre a dimensão da tragédia: o governo e pesquisadores confirmaram que manchas de óleo dispersas se espalharam muito abaixo da superfície do oceano a partir do vazamento, levantando novas preocupações sobre o impacto do acidente sobre a vida de espécies marítimas.

Quanto já vazou

Melhor cenário Pior cenário
109 milhões de litros 449 milhões de litros
43,6 piscinas olímpicas 179,6 piscinas olímpicas

Em coletiva na Casa Branca, em Washington, o chefe da Guarda Costeira dos Estados Unidos, almirante Thad Allen, disse que levará alguns meses para limpar a mancha de petróleo da superfície do Golfo, mas que o trabalho de limpeza dos pântanos e outros habitats afetados pelo vazamento poderá levar anos.

Questionado sobre a taxa diária de vazamento, Allen afirmou que a partir do momento em que a BP capturar mais petróleo, o governo será capaz de oferecer melhores estimativas do desastre como um todo.

“Essa é a grande incógnita que estamos tentando desvendar com números exatos”, disse. “E nós vamos divulgar esses números assim que descobrirmos. Não estamos querendo abaixá-los ou aumentá-los. Eles são o que são”, completou.

Segundo Kent Wells, executivo da BP envolvido na ação de contenção do vazamento, mais de 27 mil barris de óleo já foram recolhidos da natureza até agora.

Variação de números

O sucesso do dispositivo de contenção lançou novas dúvidas sobre as estimativas oficiais do vazamento, desenvolvidas por uma equipa nomeada pelo governo de Obama. Em 27 de maio, a equipe realizou diversas análises e chegou ao resultado de 12 mil a 19 mil barris por dia.

Esse valor alcançado foi de 2 a 4 vezes maior do que a primeira estimativa do governo, que apontava para 5 mil barris diários. Dias depois, os cientistas chegaram a uma nova conclusão, ampliando a margem de variação até onde conhece-se hoje, que é de 25 mil barris por dia.
 


Poluição submarina

Cientistas afirmaram que grandes faixas de petróleo não se integraram à maré negra que cobre a superfície de parte do golfo do México e se mantêm circulando no fundo do mar, uma situação que pode ser devastadora para o ecossistema submarino da região.

"Amostras de água retiradas da região e analisadas por especialistas mostraram extensas faixas de petróleo em profundidades entre 50 e 1.400 metros", disse à AFP o oceanógrafo Yonggang Liu, da Universidade do Sul da Flórida (USF, na sigla em inglês).

"Esse petróleo em águas profundas é invisível para os satélites", disse Liu, da Escola de Ciências Marinhas da USF, que integra uma equipe de especialistas de várias entidades especializadas que acompanham a circulação do vazamento na superfície e debaixo d'água.

O fato de se manter oculto não faz com que seja menos nocivo, ao contrário, já que torna quase impossível limpá-lo e combater seus efeitos, afirmaram especialistas.

"É uma questão de lógica ver que o ecossistema em águas profundas do Golfo vai ser afetado (...). O impacto pode ser muito grande em toda a cadeia alimentar, em espécies de peixes sensíveis e em pequenas criaturas do oceano", acrescentaram.

*Com agências internacionais