Imprensa oficial da Coreia do Norte chama filho de ditador como o "grande sucessor"

Após o anúncio da morte do ditador norte-coreano Kim Jong-il, a agência de notícias estatal da Coreia do Norte, KCNA, chamou Kim Jong-un, filho de Kim Jong-il, como um "grande sucessor" naquilo que parece ser a primeira menção ao filho mais novo do ditador morto como o possível novo dirigente do país asiático.

Jong-un é o "grande sucessor da causa revolucionária da Juche e um proeminente lider de nosso partido, exército e povo", disse a KCNA. Juche é a expressão usada pelos norte-coreanos para identificar a ideologia política do país.

A sucessão de Kim Jong-il e a entrega de poder a seu filho mais novo Kim Jong-un têm sido alvo de especulações há mais de um ano. Em setembro de 2010, quando uma conferência extraordinária do partido único da Coreia do Norte foi convocada, a primeira em 44 anos, Kim Jong-il, foi reeleito secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, função que já desempenhava desde 1997, e Jong-un foi nomeado general, reforçando a tese de preparação para a sucessão do ditador norte-coreano.

As especulações de que Jong-un assumiria o posto do pai rondam a imprensa internacional ao menos desde a metade de 2009. Kim Jong-il  sofreu um derrame em 2008.

Filho mais novo

Pouco se sabe sobre Jong-un, inclusive sua idade, mas acredita-se que ele tenha 27 ou 28 anos. É filho da dançarina Ko Yong-hi, a terceira esposa de Kim Jong-il, que morreu de câncer em 2004, aos 51 anos.

Ele teria sido educado na Escola Internacional de Bern, na Suíça, sob um pseudônimo, antes de retornar à academia militar em Pyongyang. Relatos afirmam que ele fala alemão, francês e inglês e é fã do basquete da NBA. Assim como o pai, sofreria de diabetes.

A figura de Jong-un contrasta com a de seu irmão mais velho, Kim Jong-nam, de 40 anos, que frequenta a cidade de Macau, capital chinesa dos cassinos, e que foi detido em 2001 por tentar entrar no Japão com um passaporte dominicano falso, supostamente para visitar a Disneylândia de Tóquio.

Os analistas também não acreditam na possibilidade de o segundo filho de Jong-il, Kim Jong-chul, de 30 anos, se tornar sucessor do pai. O japonês Kenji Fujimoto, que trabalhou como cozinheiro de Kim Jong-il durante 13 anos e é autor de um best-seller sobre sua experiência, afirmou que o pai o considera “efeminado”.

Sobre Jong-un, quase nada se sabia até a publicação do livro de Fujimoto em 2003. O cozinheiro também é a fonte da foto de Jong-un a circular fora da Coreia do Norte, tirada quando ele tinha 11 anos, a única imagem conhecida do filho do ditador até então.

Mudanças políticas

Em 2010, o Partido dos Trabalhadores passou por algumas mudanças políticas, que estariam ligadas à troca no comando do país. Muitos dos integrantes do comitê central já teriam morrido ou sido expulsos.

O cunhado de Kim Jong-il, Jang Song-thaek, foi nomeado para uma das vagas de vice-líder da Comissão Nacional de Defesa, depois de passar anos longe do alto comando político do país. Analistas acreditam que Jang poderia servir como uma espécie de tutor para Kim Jong-un.

Outros dois vice-líderes da Comissão Nacional de Defesa também estavam em evidência na política norte-coreana recente, segundo analistas.

O político O Kuk-ryol, que no passado teria participado de um esquema oficial para falsificação de notas de US$ 100, está orientando Kim Jong-un sobre as operações do governo contra a Coreia do Sul.

Desde que Kim Jong-il assumiu o poder, em 1994, a Coreia do Norte sofreu graves crises de fome e ainda vive uma longa crise econômica motivada por sua tentativa de desviar a maior parte dos recursos ao Exército, um dos maiores do mundo em número de soldados.

Pyongyang, que ainda se encontra tecnicamente em confronto com Seul após o fim da Guerra da Coreia (1950-53) ao ter assinado um armistício e não um tratado de paz, se isolou da comunidade internacional por seu desenvolvimento nuclear e bélico, embora conte com o importante apoio da China.

*Com informações de agências internacionais