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Obama teve transexual como babá durante infância na Indonésia, diz site

Evie, também conhecida como Turdi, que cuidou de Barack Obama durante a infância na Indonésia, relata o preconceito contra transexuais na Indonésia - Dita Alangkara/AP
Evie, também conhecida como Turdi, que cuidou de Barack Obama durante a infância na Indonésia, relata o preconceito contra transexuais na Indonésia Imagem: Dita Alangkara/AP

Do UOL*, em São Paulo

06/03/2012 11h55Atualizada em 30/04/2015 14h09

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teve  durante sua infância um transexual como babá, segundo o Huffington Post. Evie, hoje com 66 anos, não veste mais roupas femininas, pois vive com medo das agressões que pode sofrer pelas ruas da Indonésia.

Sua história é um retrato do preconceito contra os transexuais no país. Evie, que nasceu homem, mas se considera mulher, suportou uma vida de chacotas e surras por causa de sua identidade. Certa vez, soldados cortaram seus cabelos e apagaram cigarros em suas mãos e braços.

Então, em 1985, quando encontrou o corpo de um amigo transexual flutuando em um canal de esgoto, decidiu mudar de vez seu jeito de se vestir. Pegou suas roupas de mulher e as colocou em uma caixa, e deu todas as suas maquiagens.

“Eu sabia que meu coração era de mulher, mas eu não queria morrer assim”, conta Evie. “Então eu decidi aceitar e tenho vivido como homem desde então”. Seu nome verdadeiro é Turdi.

Quando era criança, apanhou de seu pai várias vezes, porque ele não suportava que seu filho fosse homossexual. “Ele queria que eu me comportasse como um menino, apesar de eu não me sentir um”, lembra.

Abandonou a escola cansada de ser alvo de brincadeiras e aprendeu a cozinhar. E foi cozinhando que, em 1969, conheceu Ann Dunham, a mãe de Barack Obama, que havia chegado ao país dois anos depois de se casar com seu segundo marido, o indonésio Lolo Soetoro.

Dunham ficou impressionada com o ensopado de carne e arroz frito feitos por Evie e a convidou para trabalhar em sua casa. Pouco depois, ela passou a cuidar da criança que viria a ser presidente dos Estados Unidos. Na época, Obama tinha 8 anos.

Residentes do bairro de Menteng, onde a família de Obama viveu, confirmam que Evie trabalhou por dois anos ali e que também cuidou da irmã menor, Maya. A Casa Branca não se pronunciou a respeito.

Os vizinhos recordam também que frequentemente Evie era vista saindo da casa com vestido e maquiagem. Mas Evie duvida que Barry (como chamava Obama) tenha percebido algo. “Ele era muito jovem”, disse. “E eu nunca permiti que me visse com roupa de mulher. Mas algumas vezes me viu usando o batom de sua mãe. Ele apenas dava risada”, contou.

Quando a família partiu, no começo dos anos 70, as coisas começaram a ficar difíceis. Evie passou a viver com o namorado, mas quando a relação relação terminou, passou a fazer programas. “Eu tentei arrumar emprego como empregada, mas ninguém me contratou. Eu precisava de dinheiro para comer e pagar um lugar para morar”, contou.

Hoje, Evie vive em uma casa humilde em Jacarta e busca refúgio na religião. Ela vai cinco vezes por dia à mesquita para rezar e afirma que só espera o momento de morrer. “Já não tenho futuro."

Ela disse ainda que não sabia que o menino que tomou conta tinha se tornado presidente dos Estados Unidos até que em 2008 viu uma foto da família na imprensa local. “Não podia acreditar que o conhecia. No começo as pessoas riram de mim e disseram que eu estava louca, mas aqueles que viviam na vizinhança naquela época sabem que era verdade”.

Evie espera que Obama use seu poder para lutar por pessoas como ela. Obama nomeou Amanda Simpson, que é transexual, como consultora técnica no Departamento do Comércio em 2010.

Para Evie, ter cuidado de Obama é motivo de orgulho. “Agora quando as pessoas me chamam de canalha, eu só posso dizer: eu fui a babá do presidente dos Estados Unidos”. (Com informações do Huffington Post e La Nación)