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Príncipe Harry é um "chacal bêbado que mata inocentes", diz chefe militar afegão

Em foto de setembro de 2012, príncipe Harry se prepara para pilotar um helicóptero Apache, no Afeganistão - John Stillwell/AFP
Em foto de setembro de 2012, príncipe Harry se prepara para pilotar um helicóptero Apache, no Afeganistão Imagem: John Stillwell/AFP

Do UOL, em São Paulo

02/01/2013 11h51Atualizada em 02/01/2013 12h40

Gulbuddin Hekmatyar, ex-primeiro-ministro afegão que lidera uma das principais facções militantes do país e conhecido como "senhor da guerra" -- como são chamados importantes chefes militares --, disse que o príncipe Harry é um "chacal bêbado que mata inocentes" no Afeganistão. A declaração foi feita na entrevista ao jornal britânico "The Daily Telegraph".

Hekmatyar é considerado um terrorista pelos Estados Unidos e raramente concede entrevistas. Falando de um local não revelado pelo jornal, o senhor da guerra acusou o Reino Unido de "entrar em um conflito não justificado, inútil e cruel só para agradar a Casa Branca".

"Os britânicos não ganham nada, em vez disso, perdem sangue e tesouro. Não entendo como a população britânica aceita que suas crianças sejam enviadas a uma morte certa em troca de agradar os generais americanos", completou Hekmatyar.

Voltando a falar do integrante da família real britânica, o afegão reforçou que Harry está no Afeganistão "para matar inocentes" e "caçar animais". "Mas aqui não é tão simples como ele imagina", comentou Hekmatyar.

Ao comentar o ataque de um grupo de milícia muçulmano, o Mujahedin, à base onde Harry estava, ele disse que "o príncipe viu que ele era o único a ser caçado e procurou um buraco para se esconder".

"Parece que algumas autoridades britânicas ainda sonham com os tempos do século 18 e 19 e querem que o seu embaixador seja tratado como um vice-rei e que seu príncipe saia de uniforme para caçar seres humanos e desempenhar o papel satânico que eles costumavam desempenhar no passado", disse Hekmatyar.

Na entrevista, ele crítica a intervenção estrangeira no país. "As forças estrangeiras não conseguiram se estabilizar e a situação está piorando a cada dia. Podemos enfrentar uma situação terrível depois de 2014 que ninguém previu".

Hekmatyar passou a maior parte dos últimos 11 anos em fuga. Ele é tido como a mente por trás do plano que ajudou Osama Bin Laden a escapar das montanhas de Tora Bora, depois da queda do Taleban, em 2001. Em 2003, foi designado um "terrorista global" pelos Estados Unidos e tem sido rotulado como um "criminoso de guerra" por parte do governo do presidente afegão Hamid Karzai, em Cabul.

Harry, 28, serve no Afeganistão como piloto do helicóptero Apache, considerado o melhor do mundo para ataques, e é o primeiro membro da família real britânica a ir para a zona de conflito desde que um de seus tios participou da guerra das Malvinas, em 1982.

Ele tem trabalhado duro para se distanciar de sua imagem de playboy juvenil, realizando ações de caridade e visitas reais formais. Mas esses esforços foram prejudicados quando ele foi fotografado se divertindo nu com uma jovem nua em um hotel de Las Vegas, em agosto, pouco antes de voltar para mais quatro meses de serviço no Afeganistão.

Após a chegada do príncipe, o Taleban disse que faria todo o possível para matar ou sequestrar Harry. Ele estava presente, mas ficou ileso, quando insurgentes talebans atacaram a base militar Camp Bastion na província de Helmand, em setembro, matando dois fuzileiros navais dos EUA.

A previsão é que as tropas os cerca de 9.000 soldados enviados pelo Reino Unido deixem o Afeganistão quando a missão da Otan terminar, no final de 2014. (Com Reuters)