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20 pessoas ligadas à Santa Sé estão envolvidas no escândalo do Vatileaks, diz jornal

Do UOL, em São Paulo

07/03/2013 08h08

Um dos envolvidos no escândalo de desvio de documentos confidenciais do Vaticano --conhecido como Vatileaks-- revelou ao jornal italiano "La Repubblica" que o ex-mordomo Paolo Gabriele não é o único responsável pelo vazamento. A entrevista, publicada nesta quinta-feira (7), aponta a participação de outras 20 pessoas.

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"O mordomo não é o único corvo do Vaticano", disse o entrevistado, que teria ajudado Gabriele no esquema, mas que não teve o nome revelado pela publicação. Segundo ele, todos os envolvidos estavam ligados à Santa Sé. "Somos mulheres e homens, leigos e clérigos."

Ele, que se diz um "ex-corvo", conta que a tensão começou após a pressão por transparência dentro do banco oficial do Vaticano, quando o monsenhor Carlo Maria Vigano foi nomeado por Bento 16.  "Muitas verdades ainda serão reveladas", disse o entrevistado, que também confirmou a existência de um "lobby gay" na Santa Sé. 

"Para nós chegou a hora de voltar a falar", afirmou ele ao insinuar que pretende revelar segredos do Vaticano.O sucesso do Vatileaks, segundo a fonte, "depende de quem será o papa eleito, por qual facção será eleito, e de quem estará na liderança da próxima Secretária de Estado".

O tema ganha destaque nas congregações gerais que antecedem o conclave que vai eleger o sucessor de Bento 16, que renunciou ao papado há uma semana. 

Os nomes de dois leigos citados no dossiê do caso, de acordo com o jornal italiano "La Stampa", foram apresentados pelos cardeais na reunião da última quarta-feira (6). O primeiro, como aponta o periódico, não trabalhava no Vaticano, mas tinha contatos frequentes com instituições de alto nível da Santa Sé. Já o outro era um empregado direto.

No entanto, o camerlengo Tarcisio Bertone e o decano Angelo Sodano pediram aos cardeais que não revelassem os nomes para evitar o aumento do clima de "suspeita e veneno". 

Trama de corrupção

Após o vazamento de documentos confidenciais, o então papa Bento 16 pediu a três cardeais de sua confiança que apurassem o caso. A investigação rendeu um relatório de 300 páginas, que denunciava a existência de rede de sexo e de corrupção.

Apesar de o conteúdo do dossiê ser secreto, o jornal "La Repubblica" revelou que o documento descreve as lutas internas pelo poder e pelo dinheiro, assim como o sistema de chantagens internas baseadas em fraquezas sexuais, o chamado "lobby gay" do Vaticano.

Sob o título "Não fornicarás, nem roubarás, os mandamentos violados no relatório que sacudiu o papa", o jornal italiano informou ainda que o relatório relata a existência de uma "rede transversal unida pela orientação sexual". "Pela primeira vez, a palavra homossexualidade foi pronunciada no apartamento papal", afirma o jornal.