EUA pedem que militares devolvam controle do Egito a um "governo civil eleito"
Do UOL, em São Paulo
03/07/2013 20h28Atualizada em 03/07/2013 21h55
Em uma declaração divulgada nesta quarta-feira (3) pela Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu que os militares do Egito devolvam o controle ao governo democrático do Egito, sem demora, a um governo civil eleito, mas sem afirmar que a situação no país se trata de um golpe de Estado.
Obama disse que estava “profundamente preocupado” com a movimentação militar para derrubar Mursi e suspender a Constituição do país, mas o presidente norte-americano não estaria chamando a ação no Egito de golpe de Estado.
“Eu agora apelo aos militares do Egito que ajam rapidamente e com responsabilidade para devolver a total autoridade ao governo civil eleito democraticamente, assim que possível, por meio de um processo inclusivo e transparente, e que evitem prisões arbitrárias do presidente Mursi e de seus apoiadores".
Pela lei norte-americana, os EUA devem suspender apoio a qualquer nação cujo líder eleito seja afastado do cargo por meio de golpe militar.
“Dados os acontecimentos de hoje, eu direcionei as agências e os departamentos cabíveis a revisarem as implicações sob as leis dos EUA para nossa assistência ao governo do Egito", afirmou o presidente dos EUA.
Ao fim da declaração, Obama fala das relações entre EUA e Egito.
“Nenhuma transição para a democracia vem sem dificuldades, mas, no final, ela deve se manter fiel à vontade do povo. Um governo honesto, capaz e representativo é o que os egípcios procuram e o que eles merecem. A duradoura parceria entre os EUA e o Egito é baseada em interesses e valores compartilhados e nós continuaremos a trabalhar com o povo egípcio para assegurar que a transição do Egito para a democracia tenha sucesso.”
Presidente egípcio foi destituído por militares nesta quarta (3)
O presidente Mohamed Mursi foi deposto nesta quarta-feira (3) por um golpe militar apoiado por grande parte da população. O ministro da Defesa do Egito e comandante das Forças Armadas, Abdeh Fattah al Sissi, disse na TV que está suspensa a Constituição do país.
Segundo o ministro, Mursi "não atendeu às demandas da população". Em um pronunciamento transmitido pela rede de TV oficial, Sissi afirmou que caberá à Suprema Corte Constitucional do Egito convocar novas eleições presidenciais e parlamentares, além de elaborar a nova Constituição do país.
O chefe da Suprema Corte Constitucional, Adly Mansour, 68, governará o país no período de transição, de acordo com o ministro da Defesa.
Em um post no perfil da presidência do Egito no microblog Twitter, Mursi pediu à população que resista ao golpe de Estado mas de forma tranquila, "sem derramamento de sangue entre os compatriotas".
Entenda a crise no Egito
A QUE SE DEVE A NOVA CRISE? | O descontentamento começou em novembro de 2012, quando o presidente do Egito, Mohammed Mursi, promulgou um decreto pelo qual estendia mais poderes para si mesmo. Desde então, houve uma cisão política no país. De um lado, Mursi e a Irmandade Muçulmana; de outro, movimentos revolucionários e liberais. Essa divisão política foi propiciada por uma constituição polêmica, escrita por um painel dominado por islamitas. O fato foi agravado pelo que a oposição chamou de decisão unilateral adotada pelo governo. Alguns alegaram que muitos dos membros da Constituinte egípcia foram indicados pela Irmandade Muçulmana com base em critérios que privilegiaram a lealdade à competência. | |
O QUE MURSI DIZIA? | Apesar de admitir que cometeu alguns erros, Mursi insinuou que os protestos foram motivados por ex-membros do antigo regime e seus associados. Ele também culpa a oposição por não responder a seus pedidos para a construção de um diálogo nacional. Tais indicações ficaram claras em um pronunciamento à nação em 26 de junho deste ano. |