Para onde caminha o Egito?
Mais de dois anos após a onda de protestos que culminou com a renúncia do ex-presidente Hosni Murabak, o Egito passa por um novo momento de incertezas, devido às manifestações convocadas por populares pedindo, dessa vez, a cabeça do atual líder egípcio, Mohammed Morsi.
A BBC teve acesso a detalhes do 'mapa' desenhado pelos militares para o futuro do Egito, que inclui, entre outras coisas, a suspensão da nova Constituição e a dissolução do Parlamento.
No dia anterior, as Forças Armadas haviam dado a Morsi um ultimato de 48 horas para que ele respondesse às demandas dos populares. O prazo termina às 10h30 da quarta-feira no Brasil.
Nesta terça-feira, o presidente egípcio rejeitou a ordem dos militares e disse que não vai renunciar, alegando ser contra qualquer afronta à democracia.
Para entender o atual cenário do país, a BBC fez uma lista de perguntas e respostas.
A que se deve a nova crise?
O descontentamento começou em novembro do ano passado, quando o presidente do Egito, Mohammed Morsi, promulgou um decreto pelo qual estendia mais poderes para si mesmo. Desde então, houve uma cisão política no país. De um lado, Morsi e a Irmandade Muçulmana; de outro, movimentos revolucionários e liberais.
Essa divisão política foi propiciada por uma constituição polêmica, escrita por um painel dominado por islamitas.
O fato foi agravado pelo que a oposição chamou de decisão unilateral adotada pelo governo. Alguns alegaram que muitos dos membros da Constituinte egípcia foram indicados pela Irmandade Muçulmana com base em critérios que privilegiaram a lealdade à competência.
Enquanto isso, a população egípcia continuou sofrendo com as condições precárias da economia e a falta de leis e da Justiça.
Quem são os manifestantes?
Os manifestantes foram convocados por um movimento batizado de Tamarod, organizado por um grupo de jovens apartidários no início de maio.
O movimento diz que coletou mais de 22 milhões de assinaturas reivindicando a renúncia de Morsi.
Milhões de egípcios descontentes com a piora nas condições sócio-econômicas responderam à convocação com um protesto no último dia 30 de junho, o primeiro aniversário da posse de Morsi no cargo.
A sua principal reivindicação é a antecipação das eleições presidenciais.
Qual será o papel das Forças Armadas?
As Forças Armadas podem intervir se o presidente Morsi e seus opositores fracassarem em responder à demanda da população.
Foi dado um ultimato de 48 horas aos grupos rivais para chegarem a um consenso.
Indiretamente, as Forças Armadas também pediram a Morsi que dê uma resposta concreta aos anseios da população. Caso contrário, os militares informaram que terão de intervir para construir uma alternativa para o futuro do país.
No entanto, negaram qualquer intenção de protagonizar um golpe.
O que Morsi está dizendo?
Apesar de admitir que cometeu alguns erros, Morsi insinua que os protestos foram motivados por ex-membros do antigo regime e seus associados. Ele também culpa a oposição por não responder a seus pedidos para a construção de um diálogo nacional. Tais indicações ficaram claras em um pronunciamento à nação em 26 de junho deste ano.
Desde então, Morsi não é visto em público, mas disse, por meio de uma declaração na conta da presidência do Egito no Facebook, que se ateria a seus planos de reconciliação nacional em detrimento de dar uma resposta ao ultimato dos militares.
Ele diz que isso envolveria a comunicação com todas as forças políticas para a construção de um consenso. Ele acrescenta que não foi consultado sobre a declaração das Forças Armadas, que vê como uma forma de aprofundar a divisão e fomentar a confusão entre a população.
Quais são as opções de Morsi?
As Forças Armadas colocaram Morsi em uma sinuca de bico.
O presidente egípcio se vê obrigado a ouvir as demandas da população e oferecer-lhe uma solução.
Ele tanto pode convocar uma eleição presidencial antecipada, como um referendo, ou mesmo promover uma reforma em seu gabinete.
Para onde caminha o Egito?
O Egito vive um período de instabilidade, que pode ser agravado se as Forças Armadas decidirem tirar Morsi do poder, mesmo contra a vontade dos seus apoiadores islamitas.
Se Morsi renunciar e uma eleição presidencial for convocada antecipadamente, a Constituição egípcia prevê que o primeiro-ministro deverá administrar o país enquanto a cadeira estiver vazia.
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