Topo

Procuradoria francesa evita confirmar se peça encontrada é do MH370

Do UOL, em São Paulo

05/08/2015 17h27Atualizada em 05/08/2015 17h51

Pouco depois do pronunciamento do primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, confirmar que a peça encontrada no oceano Índico pertenceria ao voo MH370, desaparecido há 515 dias, a promotoria francesa foi mais cautelosa e se recusou a confirmar que o fragmento da asa seria do aeronave. Em entrevista, o promotor francês Serge Mackowiak disse que há "fortes indícios" de que o destroço encontrado seja do MH370. A hipótese, porém, ainda "deve ser confirmada por análises complementares".

Segundo o jornal americano "New York Times", fontes envolvidas na investigação afirmam que especialistas não estão totalmente certos de que o destroço seja do avião da Malaysia Airlines e aguardam análises mais detalhadas antes de tirar qualquer conclusão.

Entre as dúvidas estariam sinais de que a peça não combinaria exatamente com os registros de manutenção, afirmou a fonte que pediu anonimato. Nenhum número de série ou de identificação teria sido encontrado na peça, dificultando as análises. A fonte afirma ainda que não há marcas de fogo ou evidências de dano físico no fragmento, o que poderia dar sinais das circunstâncias em que a aeronave caiu.

Autoridades francesas e malaias não compartlham da desconfiança americana, já que não há outro Boeing 777 desaparecido, e a peça pertence a uma aeronave deste modelo. O procurador francês garantiu que o fragmento "é de um Boeing 777 devido às suas características técnicas". Ele informou ainda que foi possível fazer "aproximações" com a "documentação técnica" fornecida pelos representantes da companhia aérea.

Desde que este modelo de aeronave foi colocado em circulação, em 1995, dois outros Boeing 777 se envolveram em acidentes mortais, ambos no oceano Índico: um voo da Asiana Airlines se acidentou em San Francisco, em 6 de julho de 2013, matando três adolescentes chineses, e o voo MH17 da Malaysia Airlines, que fazia o trajeto Amsterdã-Kuala Lumpur, foi abatido em pleno voo sobre o leste da Ucrânia, em de 17 de julho de 2014, com 298 pessoas a bordo.

Mas ainda é preciso ter certeza de que se trata do avião da Malaysia. "Temos praticamente certeza absoluta que se trata do avião do voo MH370, mas procuramos evidências jurídicas", afirmou o especialista em segurança aérea, Xavier Tytelman.

As análises estão sendo conduzidas na presença de representantes franceses, malaios, chineses e americanos, já que a aeronave pertencia a uma empresa malaia (Malaysia Airlines), o construtor (Boeing) era americano, a maioria dos passageiros (153) era de chineses e a justiça francesa assumiu o caso devido à presença de quatro pessoas desta nacionalidade a bordo do avião desaparecido.

Falta ainda estabelecer os indícios que ajudem a compreender as causas do acidente. O avião foi destruído durante o voo ou se desintegrou ao atingir o mar? "Em todo caso, dado o tamanho modesto da peça, nada pode ajudar a esclarecer o que aconteceu", afirmou uma fonte próxima às investigações.

O fragmento, uma superfície da asa que tem entre 2 e 2,5 metros conhecida como flaperon, apareceu na quarta-feira passada em uma praia da Ilha Reunião, uma ilha vulcânica de 850 mil habitantes que se localiza perto de Madagascar e é território da França.

Reunião está a cerca de 3.700 quilômetros de distância da vasta área ao sul do oceano Índico que costeia a Austrália, e onde se concentraram os esforços de busca, mas as autoridades e os especialistas disseram que as correntes marítimas podem ter levado destroços naquela direção, milhares de quilômetros distante de onde se acredita que o avião caiu. (Com agências internacionais)

Relembre como foi o desaparecimento do MH370 da Malaysia Airlines