Bolívia: Ex-comandante irá à prisão de segurança máxima após tentar golpe
A Justiça boliviana determinou a prisão preventiva, por seis meses, de Juan José Zúñiga, ex-comandante do Exército boliviano, preso após ocupar o palácio do governo e ordenar um golpe de Estado na quarta-feira (26).
O que aconteceu
Zúñiga ficará preso na unidade de segurança máxima de Chonchocoro, na capital La Paz. A decisão foi proferida nesta sexta-feira (28) pelo 5º Tribunal Anticorrupção e Violência Contra a Mulher. A informação foi veiculada pela Agência Boliviana de Informação e anunciada pelo procurador Cesar Siles.
Outros dois militares envolvidos na trama golpista também tiveram a prisão preventiva de seis meses decretada. São eles: o vice-almirante Juan Arnez, ex-chefe da Marinha boliviana, e Alejandro Irahola, ex-chefe da brigada mecanizada do Exército. Arnez e Irahola ficarão detidos em uma prisão de segurança máxima nos arredores de El Alto, uma cidade vizinha a La Paz.
Prisão em unidade de segurança máxima ocorre enquanto a investigação sobre tentativa de golpe prossegue. "Esta detenção preventiva que o juiz está dispondo sem dúvida vai estabelecer um precedente", afirmou Siles, que atua como advogado do Estado.
Antigos chefes das Forças Armadas são acusados pelos crimes de terrorismo e levantamento armado contra a segurança e soberania do Estado. Se condenados, os três oficiais podem ficar presos por até 20 anos, disse Siles. A audiência de Zúñiga ocorreu virtualmente, com início por volta das 14h (horário local) e com a decisão proferida em torno das 19h30 (horário local). Ainda na noite desta sexta, outros 10 presos por ligação com a trama golpista irão passar por audiência.
Ao todo, foram detidos 21 militares ativos, da reserva e civis pela tentativa de golpe da última quarta-feira. Segundo o governo, os três depostos comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea estão envolvidos na conspiração.
Ministério Público pediu a manutenção da prisão. No documento, obtido pelo portal boliviano Unitel, o órgão apontou que Zúñiga e os outros dois militares poderiam fugir do país e obstruir as investigações caso fossem postos em liberdade.
Prisão
O ex-comandante do Exército boliviano, Juan José Zúñiga, foi preso na noite de quarta-feira (26). O Ministério Público boliviano abriu investigação contra o general e apoiadores.
A polícia boliviana deu voz de prisão a Zúñiga em La Paz. O ex-comandante liderou uma tentativa de golpe contra o Estado.
Momentos antes de ser detido, o ex-comandante declarou, em entrevista, que o presidente Luis Arce teria sinalizado que era necessário "preparar algo" para levantar a popularidade. Zúñiga insinuou que o líder tinha conhecimento sobre a tentativa de golpe de Estado desta quarta. "Perguntei a ele se podemos retirar (os veículos militares), então ele (o presidente) respondeu que sim", disse Zúñiga. O governo boliviano negou que tenha planejado um autogolpe.
Ex-comandante e demais envolvidos na tentativa de golpe serão investigados. No documento, o Ministério Público da Bolívia ainda alertou para uma possível fuga de Zúñiga do país. A emissora estatal Bolivia TV obteve o mandado de prisão contra o ex-comandante, onde a detenção é apontada como uma medida "proporcional".
A investigação contra o ex-comandante e seus apoiadores será por atentar contra a soberania do Estado e por delitos de terrorismo. Segundo o ofício do Ministério Público, as circunstâncias e uma possível estratégia do golpe serão apuradas.
Departamento de migração foi alertado. Ainda segundo o ofício, o órgão fez requisição para que a Digemig (Direção Nacional de Migrações) ativasse "de maneira urgente e imediata um alerta de migração" contra Zúñiga e outros agentes envolvidos na ação.
Tentativa de golpe de Estado
Militares bolivianos comandados por Zúñiga realizaram movimentações consideradas anormais nesta quarta-feira (26). Tanques e tropas foram colocados em frente à sede do governo, em La Paz, e ficaram por várias horas na sede presidencial antes de se retirarem.
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Quero receberMembros do Exército entraram no palácio sede do governo. Vídeos do local mostraram policiais militares fardados usando escudos para fechar o local e impedir que outras pessoas entrassem na praça Murillo, onde fica o prédio do governo. Um blindado foi usado para arrombar as portas e bombas de efeito moral estão sendo usadas contra manifestantes.
Ex-comandante pediu "novo gabinete". Em frente ao Palácio Quemado, Juan José Zúñiga, que foi demitido na terça-feira (25), disse à imprensa que "iria trocar os ministros" e que "o país não podia continuar assim". Ele afirmou ainda que ia liberar todos os "presos políticos", e criticou figuras antigas da política boliviana, como Evo Morales.
Luis Arce, presidente da Bolívia, rotulou a ação como "movimentações irregulares". "Denunciamos mobilizações irregulares de algumas unidades do exército boliviano. A democracia deve ser respeitada", publicou em suas redes sociais. Autoridades mundiais repudiaram a tentativa de golpe.
(Com AFP)
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