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Presidente da Câmara dos EUA anuncia renúncia

O presidente do Congresso americano, John Boehner (de gravata verde), enxuga as lágrimas enquanto escuta discurso do papa Francisco, ao lado do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington - Pablo Martinez Monsivais/AP
O presidente do Congresso americano, John Boehner (de gravata verde), enxuga as lágrimas enquanto escuta discurso do papa Francisco, ao lado do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington Imagem: Pablo Martinez Monsivais/AP

Do UOL, em São Paulo

25/09/2015 10h52

O presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano John Boehner, anunciou nesta sexta-feira (25) sua renúncia ao cargo. Ele deixará a posição no dia 30 de outubro.

Boehner, 65, é representante do Estado de Ohio – o equivalente ao cargo de deputado federal no Brasil – na Câmara americana desde 1991. Ele assumiu a presidência da casa no início de 2011, tendo sido reeleito duas vezes, nos meses de janeiro de 2013 e 2015. O cargo é o segundo na linha sucessória presidencial, depois do vice-presidente.

O legislador sofria forte pressão dos setores mais conservadores do Partido Republicano e indicou, em comunicado, que deixa o cargo para reduzir a turbulência política entre os republicanos, pouco mais de um ano antes das eleições presidenciais de 2016.

“O principal trabalho de todo presidente da Câmara é proteger a instituição que todos amamos. Meu plano era ser presidente só até o fim do ano passado, mas eu fiquei para dar continuidade ao trabalho feito na liderança do Partido Republicano e na casa. Mas considero que prolongar uma liderança tumultuada causaria um dano irreparável à instituição”, afirmou Boehner, que se disse orgulhoso de seu trabalho como presidente da Câmara.

Ele foi o responsável por receber o papa Francisco no Congresso, em Washington, na quinta-feira (24). Comentaristas políticos dos EUA levantaram a hipótese de que a visita do papa ao país, e em especial seu discurso no Congresso, tenha sido um motivador a decisão do congressista. 

Católico, Boehner aparentou estar bastante emocionado com o discurso do papa e foi filmado chorando atrás do pontífice.

Crise interna

Boehner enfrentava uma rebelião que nunca conseguiu controlar desde a ascensão do Tea Party (a ala ultraconservadora do Partido Republicano) em 2010.

O súbito crescimento desta tendência ultraconservadora permitiu ao Partido Republicano alcançar a maioria na Câmara dos Representantes, mas ao custo de aumentar o número de cadeiras no Congresso de legisladores adeptos a uma linha totalmente intransigente para com o presidente Barack Obama e o Partido Democrata.

Esta luta fratricida dentro do Partido Republicano já havia conduzido ao bloqueio parcial do Estado federal em outubro de 2013 por falta de um orçamento federal, um bloqueio impulsionado pelos ultraconservadores do Tea Party que rejeitaram a estratégia mais flexível dos líderes do partido, incluindo Boehner.

A saída de cena expõe cruamente as profundas divisões que persistem dentro do partido e que aumentaram com a proximidade (em 1º de outubro) de uma nova discussão sobre o orçamento federal.

Em um claro sinal da impopularidade de Boehner entre os conservadores, centenas de participantes de uma conferência desta corrente em Washington explodiram em gritos com a notícia de sua iminente renúncia.

Ele também foi critidado pelo legislador democrata Gerry Connolly, no Twitter. "O caos na liderança republicana na Câmara de Representantes finalmente cobrou sua vítima. Boehner foi destronado", publicou Connolly. (Com agências internacionais)