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Malásia vai às urnas hoje, com candidato de 92 anos na disputa

Aos 92 anos, Mahathir é candidato da oposição malaia - AP
Aos 92 anos, Mahathir é candidato da oposição malaia Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo*

09/05/2018 04h01

Nesta quarta-feira (9), a Malásia, país asiático de 25 milhões de habitantes, elegerá seu novo parlamento. O líder da oposição é o veterano Mahathir  Mohamad, que enfrenta as urnas aos 92 anos. Se eleito, será o chefe de governo mais velho do mundo.

Considerado por alguns o pai da modernização da Malásia, Mahathir deixou a aposentadoria para liderar a oposição contra seu antigo partido nas eleições de hoje. Ele já governou o país de 1981 a 2003 e recorre a todo seu arsenal e experiência eleitoral para impedir a reeleição do primeiro-ministro Najib Razak, líder da Organização Nacional dos Malaios Unidos (UMNO, na sigla em inglês).

Ex-partido de Mahathir, o UMNO é o sócio majoritário da coalizão de partidos no poder sob o nome de Frente Nacional, uma aliança cujo atual líder está sendo acusado de corrupção por Mahathir.

Ao contrário de Najib, que pertence a uma família da aristocracia local, Mahathir tem origem humilde e faz a linha "homem que subiu na vida". Ele desistiu da aposentadoria para deixar o UMNO em 2016 e fundar o Partido dos Indígenas Unidos da Malásia (Pribumi); que no ano seguinte se uniu ao Pacto de Esperança (Pakatan  Harapan), a plataforma criada pela oposição política para as eleições.

Essa plataforma é integrada pelo Partido de Ação Democrática (DAP, na sigla em inglês), o Partido de Confiança Nacional (PAN, sigla em malaio) e o Partido Justicialista Popular (Parti Keadilan Rakyat, PKR), que é liderado por Anwar  Ibrahim.

O acordo entre Mahathir e a plataforma opositora determina que, em caso de vitória nas urnas, o primeiro dirigirá o governo até que possa ser substituído por Anwar Ibrahim, que cumpre pena de cinco anos pelo crime de sodomia.

Mahathir e Anwar colocaram em segundo plano os confrontos que protagonizaram no passado para enfrentar, segundo eles, um perigo maior: Najib.

"Se Najib vencer, as consequências serão terríveis", disse o político nonagenário, ao prever que haverá mais corrupção, manipulação da lei e até a quebra do país.

Segundo Mahathir, "Najib está recorrendo a meios fraudulentos" para garantir sua vitória.

Mesmo assim, a missão não é impossível para este estadista que legou à Malásia projetos como o trem que atravessa o país e liga Cingapura com a Tailândia, as Petronas Twin Towers, Putrajaya (a capital administrativa), e o Super Corredor Multimídia, considerado o Vale do Silício asiático.

Seus opositores e críticos o acusam, no entanto, de consumir bilhões de dólares, que nem sempre foram justificados, durante o seu mandato.

"O que precisamos é de um tsunami malaio. É possível", disse "o doutor Mahathir", forma pela qual muitos malaios chamam o ex-primeiro-ministro por exercer a medicina antes de entrar para a política, ao reivindicar pelo menos 85% de participação do eleitorado.

Considerado por alguns como um dos principais porta-vozes nas questões que envolvem os países em desenvolvimento devido a sua atuação em fóruns mundiais como o Movimento dos Países Não Alinhados, Mahathir completará 93 anos em 10 de julho, é casado com Siti Hasmah, uma das primeiras médicas na Malásia dos anos 1950, e tem sete filhos.

*Com informações da EFE