Quem é Malala, a paquistanesa que tomou um tiro porque queria estudar e agora viaja o mundo
Em 15 de janeiro de 2009, o Talibã proibiu 50 mil garotas que viviam em Suat, região de vales e cachoeiras no Paquistão, de estudar. Na mesma época, o jornal The New York Times publicou um documentário sobre uma estudiosa menina de 11 anos que sonhava em ser médica e prometia não se calar diante das imposições do grupo terrorista.
Três anos mais tarde, Malala foi atingida por uma bala da cabeça, disparada por militantes do Talibã, enquanto voltava da escola. Ela sobreviveu ao atentado e sua história ganhou o mundo nos anos seguintes, transformando-a na voz internacional em defesa da educação de meninas no mundo e na mais jovem ganhadora de um Prêmio Nobel da Paz, aos 17 anos.
Agora, prestes a completar 21 anos na próxima quinta-feira (12), Malala vive na Inglaterra com a família e estuda filosofia, política e economia na universidade de Oxford. Além disso, viaja o mundo defendendo a mesma pauta que culminou com seu atentado no Paquistão: o direito à educação. Sua próxima parada será o Brasil. Ela chega a São Paulo para participar de um evento fechado promovido pelo Itaú Unibanco na segunda-feira (9).
A educação para meninas no mundo
No Brasil, a proporção de meninos e meninas na escola atualmente é equilibrada. Mas em muitos países, essa é uma questão urgente. Conflitos locais, casamentos prematuros, trabalho infantil e custos elevados impedem mais de 130 milhões de garotas de irem à escola. Muitas delas, no Paquistão.
Mas Malala nasceu em uma família diferente. Seu pai, Ziauddin Yousafzai, é ativista da educação e era dono de uma rede de escola no vale Suat, onde Malala e seus irmãos estudaram durante a infância.
No documentário do The New York Times, enquanto Malala via frustrado o sonho de ser médica pelas imposições do Talibã, seu pai relatava ter outros planos. “Eu vejo um grande potencial em minha filha, acho que ela pode fazer mais do que ser uma médica. Ela pode criar uma sociedade onde um estudante de medicina pode facilmente conseguir um diploma de doutorado”, diz Yousafzai no filme.
Desde que se recuperou da tentativa de assassinato de 2012, Malala falou à ONU, encontrou-se com a rainha Elizabeth 2º da Inglaterra e com Barack Obama, entre muitos outros líderes mundiais. Sua fundação, Malala Fund, ajudou a reconstruir escolas na Faixa de Gaza e abrir instituições educacionais para refugiados sírios na fronteira com o Líbano, entre inúmeras outras iniciativas.
Os terroristas pensaram que mudariam meus objetivos e freariam minhas ambições, mas nada mudou na minha vida exceto isto: fraqueza, medo e falta de esperança morreram. Força, poder e coragem nasceram
Malala, em discurso nas Nações Unidas em 2013
Ela também se tornou uma best-seller em 2013 com a autobiografia “Eu sou Malala”, escrita em coautoria com a jornalista britânica Christina Lamb, e em 2014 foi tema do documentário Malala, indicado ao Oscar, realizado pelo diretor norte-americano Davis Guggenheim.
Durante um período, a estudante demonstrou querer cumprir os planos do pai e entrar para a política, seguindo os passos de Benazir Bhutto, primeira-ministra do Paquistão por dois mandatos (1988-1990 e 1993-1996). Bhutto foi assassinada em 2007 pela al-Qaeda.
Mais recentemente, no entanto, Malala declarou que após conhecer tantos presidentes e primeiros-ministros, chegou à conclusão de que tomará outros caminhos para fazer a diferença que quer para o mundo.
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