Receosos com situação na terra natal, brasileiros vão às urnas no exterior; há 500 mil cadastrados
Alex Tajra
Do UOL, em São Paulo
06/10/2018 04h01
Mais de meio milhão de brasileiros em 99 países poderão votar neste domingo (7) nas eleições presidenciais - para os outros cargos, não é possível votar estando no exterior.
Há 500.727 eleitores registrados - um número 41% maior do que o anotado em 2014, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), responsável por esses eleitores.
Segundo o TRE-DF, foram enviadas 680 urnas eletrônicas para fora do país. Alguns locais terão voto em cédula de papel, nas chamadas urnas de lona, por “motivos variados”, segundo o órgão.
Estados Unidos, Japão e Portugal têm as maiores concentrações de brasileiros aptos a votar no exterior. As urnas estarão abertas das 8h às 17h dos horários locais - o que implica que em localidades como Nova Zelândia, Austrália e Japão, as eleições comecem já durante o sábado, no horário de Brasília.
Em Portugal há anos, Juan Salomão e Eduardo Nazareth foram enfáticos ao explicar por que planejam votar: o atual momento político da terra natal.
“Decidi votar mesmo fora do Brasil por acompanhar os acontecimentos e pela preocupação de ter o melhor para os familiares e amigos no Brasil. Vejo que a atual situação democrática do Brasil está em estado crítico de sobrevivência”, disse Nazareth, 31, analista de dados há três anos e meio em Lisboa.
“Nossa nacionalidade e nossa cidadania existem para além do território geográfico, não tem por que eu deixar de contribuir com o mínimo que posso fazer”, disse Juan Salomão, 30. Ele vive há cinco anos no Porto, no norte de Portugal e diz que pretende votar em Ciro Gomes (PDT).
Para o professor de Direito Internacional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Cláudio Finkelstein, a instabilidade econômica dos últimos anos fez com que o número de emigrantes brasileiros aumentasse, mas isso não significa que eles se ausentaram da discussão política no país.
“Vemos movimentos defendendo candidatos em Miami, Nova York e Lisboa. São pessoas que em tese deixaram tudo para trás, mas na verdade não deixaram, pois querem mudanças políticas com esperança de um dia ter aqui o que foram procurar no exterior”, explicou ao UOL.