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Áudio revela detalhes horríveis da morte de jornalista saudita, diz NYT

Segundo o jornal, cerca de 15 agentes sauditas, alguns com ligações estreitas com o príncipe Mohammed bin Salman, estavam esperando por Khashoggi dentro do consulado saudita no momento em que o jornalista chegou - Getty Images
Segundo o jornal, cerca de 15 agentes sauditas, alguns com ligações estreitas com o príncipe Mohammed bin Salman, estavam esperando por Khashoggi dentro do consulado saudita no momento em que o jornalista chegou Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

17/10/2018 18h31

Há duas semanas o jornalista Jamal Khashoggi entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, e nunca mais foi visto. O episódio, pouco esclarecido até agora, gerou uma crise diplomática entre os países, já que tudo indica que Khashoggi foi assassinado de forma brutal e planejada.

Em uma matéria publicada nesta quarta-feira (17) pelo jornal The New York Times, um oficial turco descreveu detalhadamente o conteúdo de um áudio que teria gravado o crime cometido dentro do consulado saudita. Os assassinos já estavam esperando por Khashoggi quando o jornalista entrou no órgão diplomático.

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Segundo o jornal, cerca de 15 agentes sauditas, alguns com ligações estreitas com o príncipe Mohammed bin Salman, estavam esperando por Khashoggi dentro do consulado saudita no momento em que o jornalista chegou.

Depois, Khashoggi foi levado à sala do cônsul saudita, Mohammad al-Otaibi, e os agentes começaram a espancá-lo e torturá-lo. “Façam isso lá fora, vocês vão me causar problemas”, teria dito Al-Otaibi, segundo uma autoridade turca e um relatório no jornal turco Yeni Safak, ambos citando as gravações de áudio que teriam sido obtidas pela inteligência turca.

Segundo o oficial, os criminosos cortaram seus dedos, depois decapitaram e desmembraram seu corpo. O áudio ainda sugere que o assassinato aconteceu em dois minutos, e duas horas depois os assassinos já haviam deixado o consulado.

A divulgação do conteúdo das gravações ocorre em um momento delicado das relações diplomáticas entre Arábia Saudita, Turquia e Estados Unidos, país que se prontificou a ocupar a posição de intermediador no caso. O presidente Donald Trump designou o secretário de Estado Mike Pompeo para visitar os países no mesmo dia em que veio à tona a gravação no consulado.

Além das relações íntimas entre o governo norte-americano e os árabes wahhabitas, Khashoggi atuava como colaborador do jornal Washington Post.

Duas semanas após o assassinato, a Arábia Saudita ainda não se pronunciou de forma oficial para tentar esclarecer o que aconteceu. Funcionários da monarquia saudita negaram repetidamente qualquer envolvimento no desaparecimento de Khashoggi. As negativas se repetiram quando Pompeo visitou a Arábia Saudita na última terça-feira (16).