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Ministro britânico do Brexit anuncia demissão por discordar de acordo do governo

14.nov.18 - A primeira-ministra britânica, Theresa May, anuncia que seu gabinete chegou a um acordo sobre o Brexit - Matt Dunham/AP
14.nov.18 - A primeira-ministra britânica, Theresa May, anuncia que seu gabinete chegou a um acordo sobre o Brexit Imagem: Matt Dunham/AP

Do UOL, em São Paulo

15/11/2018 08h28Atualizada em 15/11/2018 11h19

A primeira-ministra britânica, Theresa May, sofreu um forte golpe nesta quinta-feira (15) com a renúncia de quatro membros de seu governo, incluindo o chefe do ministério do Brexit, devido ao projeto de acordo com a União Europeia aprovado na quarta-feira (14) pelo seu gabinete.

Enquanto isso, May está discursando no Parlamento na manhã desta quinta, enfrentando resistência de membros da oposição, liderada pelo trabalhista Jeremy Corbyn, e de seu próprio partido.

Além de seu ministro do Brexit, Dominic Raab, saíram também Esther McVey, secretária do Trabalho e Previdência, maior ministério do país, e os subsecretários Suella Braverman (da pasta do Brexit) e Shailesh Vara (de assuntos relacionados à Irlanda do Norte).

"Não posso reconciliar os termos do acordo proposto com as promessas que fiz ao país", afirmou Raab em sua carta de demissão, publicada no Twitter.

Raab, que chegou ao cargo após a renúncia de David Davis em julho, foi responsável pela última etapa das negociações com a Comissão Europeia, e até agora tinha apoiado o plano governamental. Em sua carta de renúncia, o político, que apoiou o Brexit no referendo de 2016, diz que não está de acordo por duas razões.

Primeiro, "porque o regime regulador proposto para a Irlanda do Norte é uma ameaça muito real para a integridade do Reino Unido". E em segundo lugar, porque não ele diz não poder aceitar a indefinição sobre uma cláusula de segurança que evitaria uma fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, afirmando que a UE tem poder de veto sobre a capacidade do Reino Unido de rescindi-la.

Os termos desse plano de contingência "supõem um híbrido das obrigações da união aduaneira da UE e as do mercado único", sustenta o deputado.

Resultado incerto

O acordo de quarta foi definido após uma reunião de mais de cinco horas de duração do gabinete da premiê, que agora enfrentará o desafio ainda maior de conseguir o apoio do Parlamento britânico para o plano. Ainda não há uma data para votação do acordo no Parlamento. Ela precisa dos votos de 320 parlamentares, entre os 650 existentes. A tarefa não será fácil.

O resultado final para o Reino Unido continua incerto: cenários oscilam entre um divórcio calmo até a rejeição do acordo de May, o que potencialmente afundaria seu governo e deixaria o bloco sem nenhum acordo, ou com outro referendo sobre a saída da União Europeia.

"O acordo foi o melhor que poderia ser negociado", disse a primeira-ministra à imprensa, em frente de sua residência em Downing Street, na quarta-feira. No final da rua, manifestantes protestavam contra o Brexit. "Esse é o passo decisivo que nos permite seguir em frente. Essas decisões não foram tomadas facilmente, mas acredito que estejam firmemente de acordo com o interesse nacional."

A libra esterlina caiu bruscamente após o anúncio de Raab e perdeu cerca de 1% frente ao dólar. Às 9h15 GMT (7h15 em Brasília), uma libra era negociada a 1,2858 dólar contra 1,2992 dólar na quarta à noite. A divisa britânica volta, assim, a seu nível de terça-feira, antes do anúncio feito pelo governo sobre o acordo.

A primeira-ministra assumiu o governo britânico após o referendo que decidiu por deixar a União Europeia. Desde então, ela tem a tarefa de sair do bloco, mas mantendo alguns laços - poucos estão contentes com esse meio termo.

 (com AFP, EFE e Reuters)