Incêndio em estúdio é 2º pior massacre cometido por civil no Japão
O incêndio de ontem em um estúdio de animação no Japão, que deixou 33 mortos e mais de 35 feridos, já é um dos maiores massacres do país perpetrado por um civil - ou seja, sem contar mortes provocadas por forças militares. O caso é o segundo com mais mortes na história, ficando atrás apenas de um suposto incêndio criminoso em 2001 em uma empresa que deixou 44 mortos.
Shinji Aoba, de 41 anos, está internado devido aos ferimentos causados pelo fogo. Segundo a polícia, ele usou gasolina para incendiar estúdio Kyoto Animation e o fez como vingança por supostamente ter tido um trabalho plagiado. Testemunhas o viram na cena do crime gritando "morram" enquanto espalhava o combustível ao redor do edifício três andares da empresa depois das 10h (horário local).
O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe chamou o crime de assombroso. "Hoje (no caso quinta-feira), muitas pessoas foram mortas e feridas em um caso de assassinato por incêndio criminoso em Kyoto", escreveu ontem no Twitter. "É assombroso demais para as palavras".
Em questão de número de mortes, este é o segundo pior ataque já realizado no Japão, um país conhecido por baixas taxas de crimes. O episódio só não ultrapassa o incêndio do edifício Myojo em Shinjuku, que deixou 44 mortos. No entanto, neste último não foi possível apontar um responsável direto e os donos do prédio foram condenados por negligência.
O segundo ataque mais mortífero cometido por um civil foi o Massacre de Tsuyama, em 1938, quando Mutsuo Toi matou 30 pessoas com arma de fogo, espada e machado. O assassino de 21 anos cortou a energia de um vilarejo durante a noite, decapitou sua avó de 76 anos e saiu arrastando-a pela vizinhança enquanto acertava os vizinhos com as armas. Vinte e nove vizinhos morreram. Ele se matou ao amanhecer.
Um outro caso muito conhecido é o ataque com faca de Sagamihara, em 2016, quando Satoshi Uematsu, na época com 26 anos, matou 19 pessoas e deixou outras 26 feridas em uma casa de cuidados para pessoas com deficiência mental. Seu julgamento está previsto para acontecer este ano.
Outro incêndio criminoso também compõe a lista de massacres. Em 2008, Kazuhiro Ogawa pôs fogo em um teatro de filmes adultos em Osaka, matando 16 pessoas.
Caso de repercussão mundial, um ataque com gás Sarin no metrô de Tóquio deixou 13 pessoas mortas e mais de 6.000 feridas em 1995. Membros da seita Aum Shinrikyo (Verade Suprema) realizaram cinco ataques coordenados durante o horário de pico do metrô. Os membros do grupo foram condenados à morte, tendo as últimas execuções ocorrido em 2018. A seita já havia realizado outros ataques com gás no país.
Outro ataque ocorrido esse ano também faz parte da lista. No dia 28 de maio, um homem armado com faca matou duas pessoas e feriu dezessete em um ponto de ônibus de Kawasaki. O agressor direcionou o ataque a um grupo de meninas com idade entre 6 e 12 anos. Ele se matou logo em seguida.
Massacres realizados por forças militares do país, no entanto, correspondem a dezenas de milhares de mortes. O mais famoso foi durante a revolta de Shimabara. Mais de 37 mil pessoas foram mortas pelo exército em 1638 durante um levante contra políticas da administração local.
Em 1923, militares e policiais mataram ao menos seis mil pessoas na região de Kantõ - também conhecido como Massacre de Coreanos de 1923 - logo após um forte terremoto que atingiu o local.
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