Forças nigerianas mataram pelo menos 10 mil em prisões ilegais, diz Anistia
Do UOL, em São Paulo
27/05/2020 09h18
Um novo relatório da Anistia Internacional alega que pelo menos 10 mil pessoas (muitas delas crianças) morreram enquanto estavam aprisionadas ilegalmente por forças de segurança do governo nigeriano.
A organização diz que dezenas de milhares de outros foram detidos ilegalmente durante um conflito de uma década do governo contra grupos jihadistas. A informação é do The Guardian.
Confundidos com o inimigo
De acordo com o relatório, muitas das vítimas em questão eram civis que fugiram de suas casas para escapar da violência do Boko Haram, principal grupo jihadista que o governo combatia. No entanto, membros do Exército ou milícias os prenderam sob suspeita de colaborar com o inimigo.
A Anistia alega que, nessas prisões ilegais, os civis sofreram tortura, abuso sexual e foram detidos por anos sem direito a julgamento ou cuidados médicos, em "condições inumanas".
Envolvimento internacional
Uma das prisões denunciadas no relatório era parcialmente fundada pelo governo do Reino Unido e outros doadores internacionais. Oficialmente, o local era sede de um "programa de reintegração" para jihadistas arrependidos.
Joanne Mariner, porta-voz da Anistia, disse que uma investigação sobre estas acusações é "urgente". "É difícil de acreditar que crianças em qualquer lugar do mundo tenham passado por coisas assim", comentou.
Resposta
O coronel Sagir Musa, diretor de relações públicas do Exército nigeriano, disse que as acusações são falsas.
"Não há nenhuma base para essas denúncias. O Exército nigeriano nega categoricamente todas elas, e nenhum grupo conseguiu contradizer nossa posição até agora", declarou.