'Lanterna das fadas' ressurge em floresta japonesa após 30 anos de extinção
Colaboração para o UOL
27/05/2023 21h06
Pesquisadores da Universidade de Kobe descobriram que uma planta mítica, considerada extinta há 30 anos no Japão, ressurgiu em uma floresta do país: a "lanterna das fadas".
O que aconteceu
A Thismia kobensis é uma planta conhecida por sua aparência semelhante a uma lanterna que parece iluminar o chão da floresta.
A planta ressurgiu em uma floresta perto da cidade de Sanda, a quase 32 quilômetros de distância de seu último ponto de observação, a cidade de Kobe, nos anos 90.
Ela se desenvolve inteiramente sob o solo, não possui folhas e apenas a flor desabrocha para fora.
Trata-se de uma espécie rara que possui adaptações como não realizar o processo de fotossíntese.
Ela obtém nutrientes da degradação de fungos presentes em suas raízes, sob o solo.
O professor Kenji Suetsugu, líder da equipe de pesquisa da Universidade de Kobe, identificou características distintivas que possibilitam identificar essa espécie específica: um anel curto e largo e a presença de numerosos pelos curtos em seu estigma.
A localização recentemente descoberta da Thismia kobensis a torna a espécie de "lanterna das fadas" mais setentrional da Ásia.
Sua espécie irmã, a Thismia americana, descoberta há mais de um século, é a única "lanterna das fadas" conhecida na América do Norte, mas agora é considerada extinta.
Ambas as espécies compartilham características marcantes em sua morfologia floral interna, notavelmente a ausência de glândulas de néctar.
Existem no mundo apenas 90 espécies conhecidas de "lanterna das fadas", e muitas delas estão extintas devido à destruição do habitat.
Espécie encontrada no Brasil
Pesquisadores da Universidade Federal de Jataí (UFJ) encontraram em 2015, no Parque Natural Municipal da Mata do Açude, em Jataí, Goiás, o primeiro exemplar já registrado de uma Thismia panamensis.
A "lanterna das fadas" brasileira é uma minúscula e efêmera flor de tons rosa-claro, que mede em torno de 3 a 6 centímetros.
Esse foi o primeiro registro da espécie Thismia panamensis no Brasil e da família botânica Thismiaceae no Cerrado.
A planta floresce apenas durante três meses na estação chuvosa e o restante do ano apresenta uma estrutura vegetativa enterrada.
Segundo os cientistas, a dispersão das sementes da planta ocorre por respingos de gotas de chuva (ombrohidrocoria).