Filho de Netanyahu está nos EUA e soldados de Israel questionam 'abandono'
Colaboração para o UOL
25/10/2023 17h54Atualizada em 25/10/2023 17h57
Soldados de Israel que se ofereceram e foram convocados para a guerra de seu país contra o Hamas estão condenando a ausência do filho do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Yair, de 32 anos.
Eles citam certo "abandono" de Yair por supostamente escolher permanecer nos Estados Unidos, onde mora. As informações foram publicadas pelo jornal britânico The Times na última segunda-feira (23).
O que aconteceu
Milhares de israelenses voltaram para Israel e tiveram que sair de suas casas após o exército convocar mais de 360 mil reservistas para lutar contra o Hamas, que atacou o país em 7 de outubro.
Contudo, a ausência de um dos que deveriam ter sido convocados, devido a idade ativa, chama atenção: Yair Netanyahu, um dos filhos do premiê israelense.
Atualmente, ele reside na Flórida (EUA) desde abril, quando seu pai disse para ele parar com publicações inflamadas nas redes sociais que o levou a ser processado diversas vezes por difamação, conforme o Daily Mail. Com 32 anos, ele pode ser convocado até os 40.
"Yair está aproveitando sua vida em Miami Beach enquanto eu estou na linha de frente [de combate]", disse um soldado ao The Times, sob condição de anonimato por questões de segurança.
Mesmo sendo voluntário, o soldado diz que o filho do premiê faz parte do grupo responsável pela guerra. Os combatentes israelenses também afirmam que a ausência do filho de Netanyahu gera um buraco na confiança deles no próprio governo.
"Somos nós que estamos deixando nosso trabalho, nossas famílias e filhos para proteger nossas famílias em casa, e não as pessoas que são responsáveis [diretas] por esta situação", desabafou o soldado.
Ele diz que são homens comuns como os irmãos, pais e filhos que estão na linha de frente da guerra e novamente questiona a ausência do filho de Netanyahu: "Yair ainda não está aqui. Isso não ajuda a construir confiança na liderança do país".
Um soldado na fronteira com Gaza também morava nos EUA, assim como Yair, mas deixou sua família, emprego e vida para ir lutar por Israel: "Não há como eu ficar lá e abandonar meu país, meu povo, neste momento crítico. Onde está o filho do primeiro-ministro? Por que ele não está em Israel?", questionou.
Segundo o Daily Mail, Yair estudou teatro no ensino médio, cumpriu o serviço militar obrigatório de 32 meses para homens e trabalhou na unidade de porta-voz das Forças de Defesa de Israel, ao invés de atuar como soldado combatente.
Contudo, os reservistas também podem atuar em áreas não relacionadas ao combate, ou seja, a falta de experiência de Yair — caso essa fosse a justificativa para ele não estar na linha de frente —, não implica em sua isenção automática de estar na guerra que o próprio pai fomenta como retaliação ao Hamas.
No seu perfil do Instagram, onde é seguido por 109 mil contas, ele não se isenta de comentar sobre a guerra. Seus posts vão desde homenagens a amigos que morreram vítimas do conflito até mensagens de apoio ao país.
Sua primeira publicação veio em 11 de outubro, apenas quatro dias depois do ataque do Hamas e dizia o seguinte: "Estamos unidos. Nós vamos nos vingar. Nós vamos ganhar [essa guerra]". Antes disso, sua última publicação havia sido ao lado de seu pet, no Central Park, em Nova York (EUA), em 29 de setembro.