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Por que Messi e Maradona entraram na discussão polarizada na Argentina

Messi publicou foto com Maradona quando o ídolo argentino faleceu, em novembro de 2020 Imagem: Reprodução/Instagram/Lionel Messi

26/11/2023 04h00

A memória de Diego Armando Maradona tem sido disputada por ex-dirigentes políticos, familiares, fãs e militantes na Argentina. As polêmicas vão além de sua performance como jogador de futebol e aumentaram ainda mais o clima já polarizado no país.

O que aconteceu

O ex-presidente argentino Mauricio Macri disse que a época de Maradona acabou, assim como o peronismo, e comparou Leonel Messi ao presidente eleito. Macri apoia Javier Milei, que venceu as eleições realizadas no último domingo (19) com mais de 55% dos votos. Ele disputou o segundo turno com o peronista Sergio Massa.

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Em resposta nas redes sociais, Gianinna Maradona, afirmou que o ex-presidente argentino é "insignificante para o mundo" — ao contrário de Maradona. Ela é filha do eterno camisa 10 da seleção de futebol do país vizinho.

A disputa sobre a memória de Maradona não é nova. Desde que o ídolo argentino faleceu, em novembro de 2020, todos querem falar em seu nome. Para o sociólogo especialista em futebol Pablo Alabarces, o jogador vai além de um ídolo do futebol. "Ele é um herói, um ídolo e um mito nacional."

Maradona nunca escondeu suas preferências políticas — desde Fidel Castro à Cristina Kirchner. Uma página que se intitula como "maradoneana e peronista" relançou um vídeo nas redes sociais após as declarações de Maurício Macri — nele, Maradona afirma que sempre será "cristinista", referindo-se à atual vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Macri tirou uma foto ao lado de Messi em fevereiro deste ano que causou alvoroço no país vizinho. Isso porque, meses antes, o presidente Alberto Fernández não conseguiu tirar uma foto ao lado da seleção campeã da Copa do Mundo — a recomendação policial foi de cancelamento da visita do time à Casa Rosada, sede do governo. Houve a sugestão da ida do time de helicóptero, mas foi rechaçada.

Messi não dá opiniões políticas e não gosta de comentar assuntos não relacionados ao futebol. Ele, entretanto, disse que leu a autobiografia de Maradona e, no dia da morte do ídolo, postou que "Diego é eterno", além de outras homenagens.

Ele [Maradona] era disruptivo e transgressor. Todos dependiam dele. Agora [depois da Copa do Mundo de 2022], houve uma equipe em que cada jogador cumpriu uma tarefa e acompanhou Messi, um líder humilde, pró-família e querido em todo o mundo.
Maurício Macri, ex-presidente da Argentina

A Argentina, nesta eleição, escolheu entre Sergio Massa e o homem da cidadania que vem por uma mudança [Milei]. E isso tem a ver com o novo modelo de futebol.
Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina

Quem dera você [Macri] passasse por essa terra e desse um quarto das alegrias que meu pai deu aos argentinos. Quem dera alguém tatuasse teu nome, seu rosto, alguém que se emocione com os seus êxitos, que sentisse orgulho de ser argentino. Pergunte ao Messi o que ele pensa do número 10.
Gianina Maradona, filha de Maradona

Apoiador de Milei e fã de Maradona?

Há um estereótipo de que todo fã de Maradona é peronista ou uma pessoa de esquerda. Provavalmente isso se deve às declarações do próprio jogador.

A eleição de Javier Milei, entretanto, indicou que essa não é uma verdade unânime. É o caso de Luis Pujol, 30, torcedor do Boca Juniors, fã de Maradona, que se identifica com o presidente eleito libertário e defende o Estado mínimo. Pujol viu o ídolo jogar, mas acompanhou Diego desde pequeno.

Diego é um mito. Toda a minha vida eu o acompanhei. Diego nos une como país. Já fiz várias promessas e oferendas religiosas. Diego é mítico.

O jovem arquiteto mora em Mendoza, uma das províncias em que Milei mais teve votos. O pai de Luís foi dirigente do peronismo e se candidatou para o Senado, além de ter votado nessas eleições em Massa, segundo contou o filho. Já a mãe votou em Milei.

Apesar de o filho ter rompido com a ideologia política do pai, não cedeu ao amor pelo "herói nacional". Para ele, a declaração de Macri foi "infeliz" e provavelmente foi feita porque Maradona e Milei são "pessoas místicas, populares e que tinham como objetivo vencer".

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