'Desumano': por que 16 mil animais estão presos num navio com calor de 40°C
Colaboração para o UOL
01/02/2024 04h00
Um navio que transportava cerca de 14 mil ovelhas e 2 mil bovinos está abandonado na costa da Austrália sob um calor sufocante. A embarcação seguia para Israel, mas foi forçada a abandonar a viagem devido ao aumento da tensão no Mar Vermelho.
Por que os animais estão no navio?
O navio MV Bahijah deixou o porto de Fremantle, na Austrália, em 5 de janeiro com destino a Israel. A embarcação é operada pela Bassem Dabbah Ltd, com sede em Israel, e essa viagem geralmente leva cerca de três semanas.
No entanto, 15 dias após o início da viagem, as autoridades australianas ordenaram que o navio voltasse ao país devido a ataques do grupo Houthi, do Iêmen, a navios no Mar Vermelho —a tensão aumentou na região como resposta dos combatentes às ações de Israel em Gaza.
Então, a embarcação retornou à Austrália, mas a retirada dos animais não foi autorizada devido às rigorosas medidas de biossegurança da Austrália. Ou seja, o navio permanece no mar enquanto aguarda uma decisão sobre o destino dos animais que estão a bordo.
Problemas de biossegurança. Agora, cerca de 14 mil ovelhas e 2 mil bovinos estão presos a bordo do navio, em temperaturas próximas de 40°C, segundo a agência de notícias Reuters.
O plano principal é que os animais sejam mantidos no navio antes de serem reexportados para o mesmo mercado, percorrendo uma rota mais longa em torno de África em vez de passar pelo Mar Vermelho. A alternativa seria eles voltarem à Austrália —desde que passassem por uma quarentena.
A situação, porém, passou a chamar a atenção de organizações defensoras dos direitos dos animais. "Como é que isto é legal? É desumano! Eles não são objetos inanimados, são animais vivos, respirando e sentindo", escreveu a organização Stop Live Exports (Parem Exportações Vivas) em publicação no Facebook.
O Ministério da Agricultura australiano disse não ter detectado nenhuma evidência de preocupações significativas com a saúde dos animais, também de acordo com a Reuters. O órgão afirmou que está trabalhando com o exportador para garantir que os padrões de biossegurança e bem-estar animal sejam mantidos.
Situação parecida já havia acontecido em 2020. Na época, segundo a revista Time, 56.000 ovelhas com destino ao Médio Oriente foram inicialmente forçadas a serem abatidas na Austrália devido a uma proibição comercial que entrou em vigor enquanto o embarque estava atrasado. Uma semana depois, no entanto, uma nova decisão permitiu que algumas dessas ovelhas fossem reexportadas.