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Rival de Putin morto hoje sobreviveu a envenenamento e 'descobriu' palácio

Alexei Navalny, líder da oposição ao presidente Vladimir Putin, morreu hoje, aos 47 anos, na cadeia Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

16/02/2024 12h04Atualizada em 16/02/2024 13h19

O ativista russo Alexei Navalny, líder da oposição ao presidente Vladimir Putin, morreu na prisão hoje, aos 47 anos, segundo comunicado do serviço penitenciário federal da Rússia. Ele cumpria 30 anos de prisão.

Liderou protestos contra Putin

Em 2021, Navalny revelou a existência de um "palácio secreto", supostamente pertencente a Putin. O fato gerou indignação na opinião pública.

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Economista e advogado de profissão, ele ganhou fama em 2008, ao entrar para a política. Na década seguinte, liderou protestos contra Putin, concorreu a cargos públicos e criou um fundo anticorrupção, o FBK.

A boa oratória e a intimidade com as redes sociais o tornaram popular entre jovens. Ele usava a internet para divulgar suas investigações e pregar o que chamava de "maravilhosa Rússia do amanhã".

Algumas dessas investigações contra expoentes da elite russa incomodaram o governo. Um dos seus alvos foi o estilo de vida luxuoso do ex-presidente Dmitry Medvedev.

Em 2018, o ativista tentou concorrer contra Putin nas eleições presidenciais. Navalny acabou impedido em razão de uma condenação por peculato, que ele atribuiu a uma perseguição política.

Foi envenenado em 2020

Navalny posa para foto com sua família em hospital em Berlim Imagem: Reprodução

O ativista foi envenenado com uma substância de uso militar, durante uma viagem a negócios, em 2020. Ele só sobreviveu porque sua família e autoridades internacionais insistiram em levá-lo de avião para um longo tratamento na Alemanha.

O governo russo negou envolvimento no caso após acusação da própria vítima. Governos ocidentais prestaram solidariedade ao ativista, elevando a tensão internacional contra Putin.

Recuperado, o ativista decidiu voltar à Rússia em 2021. Ele acabou preso assim que desembarcou. Em seguida, foi condenado a dois anos e meio de prisão, ainda devido à antiga acusação de peculato.

Perseguição de aliados também aumentou. A prisão aconteceu dias após a polícia russa prender 5.000 pessoas que foram às ruas declarar apoio a Navalny.

Fundo anticorrupção criado por ele foi extinto. O governo declarou que o dinheiro servia a uma organização extremista, obrigando a fuga para o exterior dos administardores do FBK.

23.jan.2021 - Apoiadores de Navalny se concentram em praça para protestar contra a sua prisão Imagem: Maxim Shemetov/Reuters

Trinta anos de prisão

Condenado a mais nove anos de prisão. Após a condenação a dois anos e meio por peculato, Navalny foi julgado por novas acusações de fraude e desacato à Justiça.

Mais 19 anos de prisão por "extremismo". Ele foi transferido para uma prisão de segurança máxima após essa nova condenação, que aconteceu em agosto de 2023.

Navalny atribuiu todas as acusações a motivação política. Aliados e a comunidade internacional endossaram sua avaliação, pediram sua libertação e declararam que Putin pretendia manter o rival encarcerado para sempre. Em 2021, a Anistia Internacional declarou que Navalny era um "prisioneiro de consciência".

Mesmo na prisão, o opositor continuou desafiando Putin. Ele denunciou o sistema prisional russo e, do exílio, sua equipe divulgou novas investigações sobre corrupção na Rússia.

22.mar.2022 - O líder da oposição russa, Alexei Navalny (à esquerda), durante julgamento na prisão Imagem: AFP

Seus apoiadores denunciaram o tratamento recebido por Navalny na prisão. Ele teria dificuldade em ter acesso a cuidados médicos e seria frequentemente mantido em isolamento em uma pequena cela.

Em entrevista à NBC News em 2021, Putin disse que não poderia garantir que Navalny sairia vivo da prisão.

No ano seguinte, foi lançado um filme sobre sua vida que ganhou o Oscar de melhor documentário. Nascido em 1976 na pequena cidade de Bytyn, Navalny era casado com a economista Iulia Navalnaia, com quem teve um casal de filhos.

Vladimir Putin é acusado pela comunidade internacional de perseguir Navalny Imagem: Reprodução

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