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Governo de Portugal nega processo de reparação a ex-colônias

Imagem: Unsplash

Colaboração para o UOL, em São Paulo*

27/04/2024 18h55

O governo de Portugal negou, neste sábado (27), que esteja planejando qualquer "processo ou programa de ações específicas" para reparar ex-colônias pelos danos causados pela escravidão.

O que aconteceu

Reparação histórica fora de cogitação. Em comunicado enviado por escrito para o jornal Público, o governo de Portugal disse que dará continuidade à cooperação de governos portugueses anteriores com as ex-colônias. Mas negou qualquer intenção de reparação histórica.

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As relações do povo português com todos os povos dos Estados que foram antigas colônias de Portugal são verdadeiramente excelentes, assentes no respeito mútuo e na partilha da história comum.
Trecho de comunicado do governo português

Comunicado foi emitido após declarações do presidente Marcelo Rebelo de Sousa a jornalistas estrangeiros. Na última terça-feira (23), ele foi questionado sobre a escravidão e reconheceu a responsabilidade de Portugal.

"Vamos ver como podemos reparar isso", disse o presidente português. A declaração repercutiu como uma promessa de reparação para as ex-colônias.

"Temos que pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso"
Rebelo de Sousa

Partidos de direita criticaram Rebelo de Sousa. Suas palavras provocaram a reação forte de alas conservadoras, incluindo o parceiro júnior da coalizão governista Aliança Democrática, o CDS-Partido Popular, e o partido de extrema-direita Chega.

Ações de reparação pela escravidão são demanda histórica de movimentos sociais. Em 2022, entidades do tipo e partidos políticos chegaram a iniciar uma movimentação nesse sentido em Brasília. Mas iniciativas desse caráter nunca prosperaram no Brasil.

Sequestrados

Durante mais de quatro séculos, pelo menos 12,5 milhões de africanos foram sequestrados, transportados à força por longas distâncias, principalmente por navios e comerciantes europeus, e vendidos como escravos.

Aqueles que sobreviviam à viagem acabavam trabalhando em plantações nas Américas, principalmente no Brasil e no Caribe, enquanto outros lucravam com seu trabalho.

Portugal traficou quase 6 milhões de africanos, mais do que qualquer outra nação europeia, mas até agora não conseguiu confrontar seu passado e pouco se ensina sobre seu papel na escravidão transatlântica nas escolas.

Em vez disso, a era colonial de Portugal é frequentemente vista no país como fonte de orgulho. Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Timor Leste, bem como partes da Índia, foram submetidos ao domínio colonial português.

*Com informações da agência Reuters

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