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Filme na cueca: como fotógrafo driblou a China e tirou foto histórica

5.jun.1989 - A imagem de um manifestante diante de uma coluna de tanques tornou-se ícone do massacre da Paz Celestial. A foto chamada de "O Rebelde Desconhecido de Tiananmen" foi feita por Jeff Widener, concorreu ao Prêmio Pulitzer e ganhou diversos prêmios. O homem solitário, que jamais foi identificado, ganhou o apelido de "tank man" (o homem do tanque). A revista "Time" apontou o "tank man" como uma das cem pessoas mais influentes do século 20 Imagem: Arte UOL

*Do UOL em São Paulo

05/06/2024 10h16Atualizada em 05/06/2024 13h41

Um homem contra um tanque - essa imagem na Avenida da Paz Eterna, na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), em Pequim, completou 35 anos neste mês e segue sendo um símbolo de resistência.

O que aconteceu?

A foto icônica, intitulada de "Tank Man" [homem-tanque em tradução literal], foi feita durante a "Primavera de Pequim" em 4 de junho de 1989 por Jeff Widener da AP (Associated Press).

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Naquele ano, tropas e tanques do exército chinês reprimiram violentamente um movimento pacífico liderado por estudantes, que durante várias semanas ocuparam a praça para reivindicar reformas democráticas no país.

Estima-se que mais de mil civis, a maioria estudantes, tenham morrido durante a repressão, mas número é incerto até os dias atuais.

Pedrada na cabeça e filme na cueca

Liu Heung-shing, editor fotográfico da AP em Pequim, pediu a Widener que ajudasse a obter fotos das tropas chinesas no Hotel Pequim, que oferecia o melhor ponto de vista da praça e estava sob controle militar.

Widener havia chegado do escritório da agência de notícias em Bangcoc uma semana antes, para ajudar na cobertura, e ficou ferido quando a repressão começou.

Em entrevista à CNN, ele contou que, à época, recebeu uma pedrada na cabeça, enquanto cobria as manifestações e estava gripado.

Ainda assim, foi a campo com seu equipamento fotográfico escondido na jaqueta - uma lente longa de 400 milímetros em um bolso, uma duplicadora em outro, filme na cueca e o corpo da câmera no bolso de trás.

O fotógrafo contou com a ajuda de um estudante de intercâmbio que o levou até o seu quarto no sexto andar do hotel que estava.

Após fazer as fotos, pediu que um estudante estrangeiro levasse o filme também escondido na cueca para o escritório da AP. A foto foi revelada e divulgada ao mundo todo.

Outros jornalistas também faziam a cobertura no local, alguns com imagens transmitidas ao vivo. Mas a foto de Widener foi a mais difundida. Ela apareceu nas primeiras páginas de jornais ao redor do mundo e foi indicado ao Prêmio Pulitzer naquele ano.

O que aconteceu com o homem em frente ao tanque?

Um homem segura um pôster com a famosa foto de Jeff Widener, 'Tank Man', durante uma vigília à luz de velas no Victoria Park em Hong Kong em 4 de junho de 2020. Imagem: ANTHONY WALLACE/AFP

Após enfrentar a fileira de tanques, e até mesmo subir em um deles, o homem foi agarrado por soldados e levado para longe. Seu paradeiro ou o que aconteceu com ele é desconhecido.

China mantém vigilância e proíbe bate-papo em games durante o dia

Nas vésperas do 4 de junho, as entradas do cemitério de Wan'nan, no noroeste de Pequim, tem vigilância policial reforçada por, pelo menos, três dias.

No local, costumam ir as "mães de Tiananmen", que perderam seus filhos e/ou filhas durante a repressão da Primavera de Pequim.

As homenagens, além de proibidas pelo governo chinês, movem um ar pesado de vigilância - bairros universitários e redes sociais ficam sob olhares constantes no período denominado de "manutenção da estabilidade" pelo governo.

Palavras-chave associadas aos acontecimentos de 1989 são monitoradas na internet, 4 de junho ou 35 de maio - são "apelidos" usados por quem deseja driblar a censura.

Jogos online populares na China têm o bate-papo desativado durante o dia - é o caso dos games: "Honor of King" "Identity V" e "Three Kingdoms online".

*Com informações da RFI

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