Herdeira da maior pepita de ouro do mundo diz não ter nem joia com a pedra
Giovanna Arruda
Colaboração para o UOL
09/07/2024 04h00
Os mineiros John Deason e Richard Oates viram suas vidas mudarem completamente quando, em 1869, encontraram a maior pepita de ouro do mundo. Com 61 centímetros de comprimento e mais de 70 quilos, a pedra teria um valor atual de mais de dois milhões de dólares. Apesar de os mineiros serem conhecidos até hoje pelo feito, suas famílias garantem que não receberam grandes heranças: "Infelizmente não sou [rica], e nem temos joias feitas com a pedra", diz herdeira.
O caminho até o ouro
Chamada "corrida do ouro" atraía pessoas de diferentes partes do mundo. As perigosas minas que ofereciam essa possibilidade ficavam espalhadas por vários países e, apesar dos eventuais riscos, eram vistas pelos mineiros como uma chance de mudar de vida. "Naquela época, as condições dos trabalhadores eram precárias, mas a oportunidade de descobrir pedras preciosas e mudar sua realidade vulnerável falou mais alto", conta o jornal argentino La Nación.
Em uma das minas da cidade de Moliagul, na Austrália, dois mineiros conseguiram realizar o sonho de encontrar ouro. Em fevereiro de 1869, John Deason e Richard Oates encontraram a maior pepita de ouro do mundo. De acordo com os registros da época, eles desenterraram a pedra a poucos metros da superfície. A pepita foi apelidada pelos mineiros de Welcome Stranger, ou "bem-vinda, estranha".
Deason teria contado como conseguiu extrair a pedra. De acordo com o La Nación, ele contou que tentou tirar a pedra com uma ferramenta, mas que o cabo se partiu. "Então peguei um pé de cabra e puxei a pepita para a superfície."
De simples trabalhadores a milionários. A descoberta da pedra rendeu uma quantia considerável à dupla: receberam 10 mil libras esterlinas (mais de R$ 70 mil na cotação atual). Segundo o La Nación, se a pepita fosse à venda nos dias de hoje, seu valor seria de ao menos dois milhões de dólares.
Herdeiros dos mineiros dizem não ser ricos. Suzie Deason, da quarta geração de descendentes do mineiro, declarou à BBC britânica que seu sobrenome causa curiosidade até os dias de hoje.
Quando as pessoas ouvem meu nome, sempre me perguntam onde está o ouro ou se sou rica. Infelizmente não sou, e nem temos joias feitas com a pedra. Suzie Deason, em entrevista à BBC
Famílias recriaram a história. Em evento de 2019, os Deason e os Oates se reuniram para celebrar os 150 anos da descoberta da pedra. Na festa, os participantes se vestiram com roupas de 1800 e encenaram o interesse e a surpresa ao verem a Welcome Stranger.
Réplica da pepita está em museu na Austrália. Assim como barra e balança originais e demais itens da história. O museu australiano de Dunolly reúne diversos objetos do episódio, como a réplica da pepita e a barra original utilizada pelos mineiros para desenterrar a pedra. Já o National Australia Bank Museum expõe a balança originalmente usada para pesar a pepita.
Deason e Oates ganharam monumento e estátua. O monumento em homenagem aos mineiros foi erguido na região de Moliagul, enquanto eles ainda eram vivos. Outra homenagem está na Inglaterra: uma grande estátua de Deason e Oates está na cidade de Redruth, na Cornualha, região natal dos colegas.
O monumento ao episódio é ponto turístico em Moliagul. "As pessoas viajam para cá para tentar a sorte e passam dias e dias tentando encontrá-lo. Ainda restam algumas pepitas de ouro de tamanho razoável, mas nada como Welcome Stranger", declarou Suzie Deason.
O jornal Dunolly & Bet Bet Shire Express celebrou a conquista de Deason e Oates. "Estamos felizes que esse monstro tenha caído nas mãos de homens tão firmes e trabalhadores", dizia a publicação em fevereiro de 1869, dias após a descoberta.