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Líder do Panamá: Avião com ex-presidentes é impedido de voar para Venezuela

Do UOL, em São Paulo*

26/07/2024 16h58

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que um avião que levava ex-presidentes não foi autorizado a decolar para a Venezuela nesta sexta-feira (26).

O que aconteceu

Espaço aéreo venezuelano foi fechado, segundo relato feito por Mulino. "O avião da Copa [Airlines] que transportava a ex-presidente [Mireya] Moscoso e outros ex-presidentes com destino à Venezuela não foi autorizado a decolar de Tocumen enquanto permanecessem a bordo, devido ao bloqueio do espaço aéreo venezuelano." Mireya Elisa Moscoso Rodríguez de Arias, primeira mulher presidente do Panamá, governou o país entre 1999 e 2004.

Além de Moscoso, o grupo é composto pelos seguintes ex-presidentes: Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia), Vicente Fox (México), todos membros do Grupo Idea (Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas), um fórum que se proclama defensor da democracia na região.

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Políticos se dirigiram ao palácio presidencial do Panamá para conceder uma entrevista coletiva. A situação causou o atraso de outros voos que tinham a Venezuela como destino e também saíam de lá, segundo as autoridades panamenhas.

Os ex-presidentes latino-americanos haviam se reunido no país para viajar juntos à Venezuela. Também fazia parte da comitiva a ex-vice-presidente colombiana Marta Lucía Ramírez.

Vice-presidente do PSUV (Partido Socialista da Venezuela), Diosdado Cabello, já havia dito que expulsaria os ex-presidentes se eles pusessem os pés na Venezuela: "Não estão convidados. Se aparecerem no aeroporto, os expulsamos", afirmou, chamando-os de "inimigos do país" e "fascistas".

O chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha, repudiou o bloqueio do voo na entrevista coletiva ao lado dos ex-presidentes. Ele disse ter convocado a representante da missão diplomática da Venezuela no Panamá para pedir uma explicação sobre o incidente.

Venezuelanos que vivem na Colômbia são barrados na fronteira

Incidente ocorreu dois dias antes de pleito na Venezuela. O atual presidente, Nicolás Maduro, busca o seu terceiro mandato — ele está no poder desde 2012, após o falecimento do então mandatário Hugo Chávez. O seu governo é alvo de críticas e é marcado pelo crescimento da pobreza, superinflação e criminalidade.

O rival de Maduro é o diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos. É o principal candidato da aliança de oposição, já que a ex-deputada María Corina Machado, favorita nas pesquisas, foi impedida pela justiça de ocupar cargos públicos.

Vídeos gravados pela agência de notícias AFP mostram diversos venezuelanos sendo barrados por agentes da fronteira.

"Eu queria votar de onde venho, e é por isso que vim de Cali [na Colômbia]", explica José Almado. Ele gastou quase um milhão de pesos colombianos (cerca de R$ 1.402) para viajar à Venezuela para votar.

O governo de Caracas ordenou o fechamento das fronteiras entre 26 e 29 de julho, segundo a AFP. O argumento utilizado pela equipe de Maduro é "garantir a inviolabilidade da fronteira e impedir as atividades de pessoas que possam representar uma ameaça à segurança".

Yvonne Evia, que também mora na Colômbia, diz que o fechamento das fronteiras é uma estratégia para evitar votos contrários. "Eles vão promover qualquer contratempo para os venezuelanos não passarem [pela fronteira]. Eles sabem que a grande maioria vai votar contra o regime, contra a ditadura na Venezuela. Mas não importa, vamos passar".

Na terça-feira (23), o governo da Colômbia anunciou que militarizaria as fronteiras com a Venezuela. O objetivo seria proteger a soberania nacional em meio às crescentes tensões no país vizinho em decorrência das eleições presidenciais.

Oposição em vantagem

Pesquisas de intenção de voto independentes dão vantagem à oposição, mas Nicolás Maduro não parece pronto a deixar o cargo. A campanha terminou na quinta-feira (25) com comícios em Caracas dos dois candidatos, Maduro e o concorrente da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia.

O clima de final de campanha era festivo nas ruas de Caracas nesta quinta-feira. Nada sugeria que as pesquisas colocam Maduro atrás de Gonzalez Urrutia, com cerca de 30% das intenções de voto.

"Nicolas Maduro vencerá com 56% ou mais!", exclamou Lizmary Carballo, ativista do PSVU (Partido Socialista Unido da Venezuela). "Vai ser difícil porque há muitas pessoas que não conseguem ver além da ponta do nariz e não veem o que está acontecendo", reconheceu.

A mobilização é uma das chaves para a votação de domingo na Venezuela. Uma participação elevada poderia beneficiar a oposição que realizou uma campanha atípica. Maria Corina Machado, uma das principais líderes da direita, bastante radical em suas posições contra o governo de Maduro, venceu as primárias, mas foi declarada inelegível.

Ela foi substituída em abril passado por Edmundo Gonzalez Urrutia, um ex-diplomata, quase desconhecido, de fala mansa que nunca atacou frontalmente seu oponente. "O apelo à reconciliação entre os venezuelanos esteve no centro da minha campanha", declarou recentemente, dizendo estar confiante na vitória.

'Guerra civil'

Há poucos dias, o líder chavista, no poder há 11 anos, sugeriu que não pretendia largar as rédeas do país. "Se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil, certifiquem-se de que teremos a maior vitória possível", disse ele a seus apoiadores.

Declarações que foram duramente criticadas pelo presidente Lula, apesar de ser um aliado tradicional de Nicolás Maduro.

O presidente venezuelano reagiu criticando os sistemas eleitorais do Brasil, da Colômbia e dos Estados Unidos. "Quem se assustou que tome um chá de camomila", rebateu o venezuelano.

Denúncia contra Maduro

Veículos foram sabotados. Na semana passada, María Corina Machado denunciou que os carros que usa para se deslocar durante a campanha eleitoral foram alvo de sabotagem, um deles com os freios cortados.

A ex-deputada mostrou em um vídeo duas caminhonetes manchadas com tinta prateada estacionadas em um condomínio fechado em Barquisimeto, no estado de Lara, e afirmou que a tampa do cárter do motor de uma delas foi retirada, para que perdesse todo o óleo, e que "cortaram as mangueiras dos freios" da outra.

Segundo a ONG Foro Penal Venezolano, dedicada à defesa de presos políticos, mais de 100 prisões já foram feitas relacionadas com a campanha da oposição.

*Com informações das agências AFP, ANSA e DW

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