Conteúdo publicado há 3 meses

Venezuelanos na Colômbia são barrados na fronteira às vésperas das eleições

Venezuelanos que vivem na Colômbia reclamam que foram impedidos de atravessar a fronteira para votar nas eleições presidenciais, que acontecem no domingo (28).

O que aconteceu

Vídeos gravados pela agência de notícias AFP mostram diversos venezuelanos sendo barrados por agentes da fronteira.

"Eu queria votar de onde venho, e é por isso que vim de Cali [na Colômbia]", explica José Almado. Ele gastou quase um milhão de pesos colombianos (cerca de R$ 1.402) para viajar à Venezuela para votar.

O governo de Caracas ordenou o fechamento das fronteiras entre 26 e 29 de julho, segundo a AFP. O argumento utilizado pela equipe de Maduro é "garantir a inviolabilidade da fronteira e impedir as atividades de pessoas que possam representar uma ameaça à segurança".

Yvonne Evia, que também mora na Colômbia, diz que o fechamento das fronteiras é uma estratégia para evitar votos contrários. "Eles vão promover qualquer contratempo para os venezuelanos não passarem [pela fronteira]. Eles sabem que a grande maioria vai votar contra o regime, contra a ditadura na Venezuela. Mas não importa, vamos passar".

Na terça-feira (23), o governo da Colômbia anunciou que militarizaria as fronteiras com a Venezuela. O objetivo seria proteger a soberania nacional em meio às crescentes tensões no país vizinho em decorrência das eleições presidenciais.

Oposição em vantagem

Pesquisas de intenção de voto independentes dão vantagem à oposição, mas Nicolás Maduro não parece pronto a deixar o cargo. A campanha terminou na quinta-feira (25) com comícios em Caracas dos dois candidatos, Maduro e o concorrente da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia.

O clima de final de campanha era festivo nas ruas de Caracas nesta quinta-feira. Nada sugeria que as pesquisas colocam Maduro atrás de Gonzalez Urrutia, com cerca de 30% das intenções de voto.

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"Nicolas Maduro vencerá com 56% ou mais!", exclamou Lizmary Carballo, ativista do PSVU (Partido Socialista Unido da Venezuela). "Vai ser difícil porque há muitas pessoas que não conseguem ver além da ponta do nariz e não veem o que está acontecendo", reconheceu.

A mobilização é uma das chaves para a votação de domingo na Venezuela. Uma participação elevada poderia beneficiar a oposição que realizou uma campanha atípica. Maria Corina Machado, uma das principais líderes da direita, bastante radical em suas posições contra o governo de Maduro, venceu as primárias, mas foi declarada inelegível.

Ela foi substituída em abril passado por Edmundo Gonzalez Urrutia, um ex-diplomata, quase desconhecido, de fala mansa que nunca atacou frontalmente seu oponente. "O apelo à reconciliação entre os venezuelanos esteve no centro da minha campanha", declarou recentemente, dizendo estar confiante na vitória.

'Guerra civil'

Há poucos dias, o líder chavista, no poder há 11 anos, sugeriu que não pretendia largar as rédeas do país. "Se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil, certifiquem-se de que teremos a maior vitória possível", disse ele a seus apoiadores.

Declarações que foram duramente criticadas pelo presidente Lula, apesar de ser um aliado tradicional de Nicolás Maduro.

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O presidente venezuelano reagiu criticando os sistemas eleitorais do Brasil, da Colômbia e dos Estados Unidos. "Quem se assustou que tome um chá de camomila", rebateu o venezuelano.

*com informações da RFI

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