Ex-presidente argentino é acusado formalmente por 'lesões' e 'ameaças'
Do UOL, em São Paulo*
14/08/2024 17h20
O ex-presidente argentino Alberto Fernández foi formalmente acusado pelo Ministério Público por "lesões leves e graves" e "ameaças" após denúncia da ex-primeira-dama Fabiola Yañez, segundo o texto judicial ao qual a AFP teve acesso.
O que aconteceu
O promotor federal Ramiro González acusou formalmente o ex-mandatário. Na denúncia oferecida, Fernández é acusado de lesões graves e duplamente agravadas e ameaças coercitivas contra a ex-mulher. O promotor pediu ainda o depoimento do médico presidencial, Federico Saavedra, e da ex-secretária María Cantero. Outras quatro testemunhas também foram convocadas a depor.
Relacionadas
Documento inclui ainda a solicitação de vídeos. O promotor quer os registros dos últimos dois anos das câmeras de segurança da sede presidenciais. Ele também solicitou que os registros de vídeo dos últimos quatro anos fossem preservados, segundo o jornal La Nacion.
[Fabiola Yañez] sofreu uma relação caracterizada por assédio, assédio psicológico e agressões físicas num contexto de violência de gênero e doméstica. Trecho da denúncia oferecida pelo promotor
Na denúncia oferecida, o promotor González afirma que os episódios de assédio teriam iniciados em 2016 e que se agravaram durante o último ano do mandato do ex-presidente. Ele enumerou pelo menos nove episódios de violência cometidos contra a ex-primeira-dama.
O promotor cita, por exemplo, o episódio de julho de 2021, quando ambos estavam na suíte presidencial e iniciaram uma discussão. "[Fernández] deu um soco no olho, ao que Yañez exigiu: "O que você fez comigo!?" Fernández não lhe respondeu nada, ele se virou e com isso a discussão terminou."
Durante uma viagem a Foz do Iguaçu, no Brasil, enquanto jantava com Ayelén Mazzina, então Ministra da Mulher, Gênero e Diversidade da Nação, Fabiola mostrou as imagens dos golpes que sofreu, causados por Alberto Fernández. A ministra demonstrou surpresa e ofereceu apoio, mas, segundo a denúncia, não tomou nenhum tipo de medida.
Escândalo na Argentina
Fabiola Yáñez formalizou a denúncia contra ex-marido apenas no dia 6 de agosto. A jornalista confirmou as agressões em uma audiência virtual com o mesmo juiz que já vinha investigando o ex-presidente por favorecimento no caso de seguros. A Justiça determinou então medidas de restrição e proteção para Fabiola. Depois, ela ampliou as denúncias e disse que foi obrigada a fazer um aborto.
Depoimento presencial foi feito pela primeira vez na terça-feira (13). Fabiola Yáñez chegou ao consulado argentino em Madri (Espanha), onde vive atualmente, para depor contra o ex-marido. Ela reforçou as acusações de agressão, assédio e ameaças. Em uma dessas agressões, diz ela, Fernández teria a agarrado violentamente pelo pescoço. As surras teriam ocorrido no Palácio de Olivos, sede oficial da Presidência.
Defesa de Fernández negou as agressões e afirmou que os hematomas foram causados por tratamento estético. "Estou sendo acusado de algo que não fiz. Não bati em Fabiola. Nunca bati em mulher. Não estou aqui para alimentar toda a sujeira midiática que está sendo gerada. O que vou fazer é esperar, ir à Justiça e deixar a Justiça resolver", disse o ex-mandatário em entrevista ao jornal espanhol El País.
*Com AFP