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Bonito e cruel: quem é Wade Wilson, condenado à morte por matar mulheres

Do UOL, em São Paulo

03/09/2024 05h30Atualizada em 03/09/2024 16h03

Wade Wilson, de 30 anos, condenado à morte pelo assassinato de duas mulheres no estado da Flórida (EUA) em 2019 teve seus crimes descritos como "cruéis" pelo juiz que proferiu a sentença. Entretanto, o homem recebeu quase 4.000 mensagens de admiradoras desde junho, quando foi realizado o júri.

Quem é Wade Wilson?

Wilson nasceu em Fort Myers e é fruto de um relacionamento entre adolescentes. Steven Testasecca, afirmou que descobriu que seria pai quando tinha 14 ou 15 anos. Ele e a mãe de Wade decidiram colocar a criança para adoção. Candy e Steve Wilson, pessoas que frequentavam a mesma igreja dos avós maternos do bebê, adotaram o menino.

Ele cresceu na cidade de Tallahassee, na Flórida. Segundo a Newsweek, Wilson estudou todo o ensino fundamental em uma escola e depois no ensino médio estudou na "Lawton Chiles High School". Um ex-colega, sob anonimato, disse que o jovem era "problemático". Outro ex-colega falou que Wilson teria chegado a roubar o carro de seus pais adotivos e desaparecido por três dias ainda quando era adolescente.

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Foto de Wade Wilson durante sessão de julgamento Imagem: Reprodução/TikTok

Em audiência, a defesa de Wilson leu uma carta dos pais adotivos do preso. No texto, eles descrevem que ele era uma "criança alegre e que amava seus pais e irmãs, além de ser imensamente amado em troca". Eles acrescentaram que o filho ficou "delirante" depois que se tornou dependente químico.

Pais adotivos dizem que, durante adolescência e primeiros anos da vida adulta, Wilson começou a se afastar, se tornando inicialmente "retraído, instável e deprimido". "Depois, o vício juntou-se à doença mental e [ele] tornou-se, francamente, paranoico e delirante e o sentimento de perda tornou-se cada vez mais acentuado." Eles ainda acrescentaram, sem detalhar, que o "sistema falhou" com o filho, sem dar um diagnóstico, medicação e cuidados de acompanhamento. "Tentamos juntar as peças, mas não tínhamos ideia de como encontrar o apoio que Wilson precisava para ser a pessoa que ele era por dentro", acrescentaram, lamentando a morte das duas vítimas.

Foto de Wade Wilson durante julgamento Imagem: Reprodução/YouTube/FOX 4 Now

Aos 18 anos, o homem tentou se reaproximar do pai biológico. Testasecca disse no julgamento que o filho frequentemente pedia dinheiro para ele, informou a estação de televisão NBC2.

Em junho, Kelly Matthews, ex-namorada, revelou que Wilson nunca foi violento com ela. Porém, tudo mudou em 18 de fevereiro de 2019, quando Wilson tentou estrangulá-la duas ou três vezes em um carro, segundo relato da mulher no TikTok.

Kelly ainda revelou que ex-namorado a empurrou no assoalho do carro e cortou suas roupas com uma faca. "Em algum momento, ele mordeu meu rosto, me mordeu no queixo", disse ela, exibindo as fotos do suposto ataque. Matthews também alegou que ele a amordaçou, amarrou uma camisa em volta de seu rosto e prendeu suas mãos e pés com um saco de lixo usado dentro do carro. A mulher disse que relatou a suposta agressão à polícia, mas o homem não foi preso.

Wade Wilson compartilha o mesmo nome do personagem de "Deadpool", da Marvel. Apesar disso, não há informações de que o nome dado ao agora condenado tenha sido inspirado no personagem.

Preso já recebeu 3.903 mensagens de admiradoras

Wade Wilson, hoje com 30 anos, antes de ser preso nos Estados Unidos Imagem: Reprodução/TikTok

Além das mensagens, o assassino já recebeu 754 fotos das admiradoras. Porém, 163 delas não foram encaminhadas ao homem após serem analisadas pela polícia e serem consideradas impróprias, informou o gabinete do xerife do condado de Lee, segundo a NBC2 e Newsweek.

Wilson aceitou 279 solicitações de conexão e 65 cartas na prisão. Os presos podem receber mensagens por meio de uma conta de mensagens monitorada. Os envios dos conteúdos foram apenas em um mês, de 12 de junho até 12 de julho.

Admiradoras também encaminharam mensagens ao juiz do caso. Elas solicitaram que Wilson fosse condenado à prisão perpétua em vez da pena de morte. Os remetentes seriam pessoas que alegam ter conhecido o preso, mães e pessoas que acham que seria mais benéfico que ele recebesse a prisão perpétua por acreditarem que ele poderia se reabilitar e arrepender dos crimes que cometeu.

Em uma das cartas, uma mulher listou 17 preocupações, que vão desde a criação do preso até a sua aparência notória — destacando as tatuagens dele. "As tatuagens faciais do Wilson provavelmente resultaram da necessidade de sobreviver em um ambiente carcerário hostil. O ataque direto da promotoria ao Wilson por suas tatuagens foi uma tática injusta para prejudicar o júri contra ele."

Preso não tinha nenhuma tatuagem no rosto quando foi preso em outubro de 2019. Advogado de Wilson disse que cliente "é muito intimidador". Kevin Shirley afirmou ao Newsweek que o cliente moldou sua aparência enquanto estava preso e aguardando o julgamento e ressaltou que o homem "nunca expressou suas razões" para as mudanças.

Quais crimes que Wade Wilson cometeu?

Kristine Melton, 35, (à esq.) e Diane Ruiz (à dir.), de 43 anos, foram mortas por Wade Wilson Imagem: Reprodução/YouTube/Law&Crime Network; e Law&Crime Network via Cape Coral Police Department

Wilson, então com 25 anos, conheceu Kristine Melton, 35, e uma amiga dela, Stephanie Sailors, em 7 de outubro de 2019 em um bar na cidade de Fort Myers, na Flórida. Segundo depoimento no julgamento, o trio deixou o estabelecimento depois que ele fechou e foi até a casa de um homem, Jayson Shepard, onde ficaram por horas antes de irem embora pela manhã.

Depois, Kristine, Stephanie e Wilson foram para a casa de Kristine na cidade de Cape Coral, na Flórida. Após algum tempo, Stephanie foi embora e o homem estrangulou a dona da residência até a morte enquanto ela dormia. O homem também roubou o carro da vítima e dirigiu para encontrar sua namorada, Melissa Montanez, informou o jornal local The News-Press.

Melissa se recusou a entrar no carro onde Wilson estava e foi agredida. Apesar disso, ela conseguiu fugir. Então, pouco tempo depois, o homem viu Diane Ruiz, de 43 anos, caminhando por uma rua de Cape Coral e fingiu pedir informações para ela.

Wilson atraiu Diane para o carro e tentou estrangulá-la. O criminoso ainda dirigiu até um terreno baldio e espancou e estrangulou a vítima após ela tentar fugir. Ele ainda empurrou a vítima para fora do carro e a atropelou de 10 a 20 vezes.

Após os crimes, Wilson teria ligado para o pai, Steven Testasecca, diversas vezes. O criminoso disse que havia matado duas mulheres e narrou detalhes das ações. O genitor, então, colocou o telefone no viva-voz e a mãe biológica de Wilson ouvia e repassava as informações que o homem dizia à polícia.

Pai de Wilson perguntou a localização do filho e disse que enviaria um carro por aplicativo. Porém, Testasecca informou o paradeiro do homem à polícia. Ele fugiu, mas foi preso em 8 de outubro de 2019.

Corpo de Ruiz foi encontrado três dias depois em uma área de mata.

Condenação à pena de morte

Um juiz da Flórida (EUA) condenou Wade Wilson à morte no dia 27 de agosto. Wilson foi considerado culpado por diversas acusações. Entre elas, pelo homicídio em primeiro grau de Kristine Melton, 35, e Diane Ruiz, 43, na cidade de Cape Coral.

Em junho, um júri com 12 membros do condado de Lee, também na Flórida, haviam recomendado que ele fosse condenado à morte. O júri durou duas semanas e condenou o homem por seis acusações, incluindo duas acusações de homicídio em primeiro grau. Em 25 de junho, dez dos 12 jurados votaram para que o preso fosse executado por matar Diane. Nove deles também votaram pela pena de morte do acusado pelo assassinato de Kristine. Apesar da sugestão do júri, no estado, cabe a um juiz decidir o que ocorrerá com o acusado.

Magistrado condenou o réu à pena capital, uma para cada assassinato. Ele também foi considerado culpado pelas acusações de roubo, lesão corporal e furto. De acordo com documentos judiciais, Wilson está ligado a uma gangue de supremacia branca na prisão. O criminoso ostenta várias tatuagens de suástica, incluindo no lado direito da cabeça e abaixo do olho direito.

Defesa de Wilson disse no julgamento que o cliente tem uma "mente doentia" e é viciado em drogas. Segundo a emissora de TV local FOX 4, o advogado de defesa Kevin Shirley apontou que há "algo errado com cérebro [de Wilson], que não funciona como o de todo mundo". A equipe jurídica do homem pediu, em 3 de julho, um novo julgamento ou absolvição, que foi negada pelo juiz em 15 de agosto, informou o meio de comunicação local The News-Press.

O juiz Nicholas Thompson afirmou no julgamento que "as evidências mostraram que ambos os assassinatos foram hediondos, atrozes e cruéis". Para o juiz, "o segundo assassinato foi frio, calculado e premeditado". Thompson ainda apontou que o assassino provocou "séria dor física e emocional às vítimas" enquanto estava em liberdade condicional por outras condenações criminais, informou o jornal norte-americano USA Today.

Condenado não teria expressado nenhuma reação enquanto o juiz proferia sua sentença. A informação é do jornal New York Post.

Defesa de Wilson irá recorrer de decisão na Suprema Corte da Flórida. Após a condenação, o advogado Kevin Shirley, afirmou à revista Newsweek que acredita que a decisão foi "meio que antecipada". Em julho, ainda à revista, ele declarou que o caso de Wilson causou um alarde "muito incomum" nas redes sociais.

"Eu nunca estive envolvido em algo assim antes. Não sei quantas dezenas de milhares de pessoas estão se comunicando com ele ou se comunicando entre si sobre ele. Há doações que são feitas para ele. Acho isso ridículo, mas há muitas pessoas que pensam o contrário", falou Shirley na ocasião.

Acordo pode acelerar ida de Wilson ao corredor da morte

Wilson fez um acordo judicial na quinta-feira (29) que pode acelerar a ida dele ao corredor da morte. O condenado por homicídio se declarou inocente das acusações de tráfico de drogas que acumulou enquanto estava preso. As outras acusações relacionadas a uma tentativa de fuga dele da unidade prisional também foram retiradas. Antes, a previsão era que Wilson retornaria ao tribunal em 16 de setembro para falar sobre essas acusações pendentes. Esses processos precisariam ser finalizados antes que ele fosse para o corredor da morte.

Com a resolução dessas acusações, a transferência de Wilson para o corredor da morte deve ser acelerada. O condenado está detido da Penitenciária do Condado de Lee, em Fort Myers, na Flórida, desde 2019.

Presos condenados à pena capital na Flórida são transferidos para a Instituição Correcional da União, também no estado. Apesar da conclusão das pendências judiciais do condenado, não foi divulgada a data em que ele será transferido por questões de segurança.

Como é aguardar a pena capital no corredor da morte?

Union Correctional Institution (Instituição Correcional da União, em tradução livre), na Flórida, nos EUA Imagem: Divulgação/Florida Department of Corrections

Presos no corredor da morte têm direito a lanches, rádio e TVs de 13 polegadas. As televisões, porém, não têm canal por assinatura e os condenados também não têm direito a ar-condicionado nas celas, informou o Departamento de Correções da Flórida, segundo o jornal local The News-Press.

Condenados que aguardam a pena capital usam camisetas laranjas para se diferenciarem dos outros presos. No entanto, eles usam calças azuis, assim como os demais detidos.

Eles recebem três refeições por dia, sendo uma às 05h (horário local), outra das 10h30 às 11h e das 16h às 16h30. A comida é feita pela equipe da prisão e transportada até as celas, onde os presos recebem garfos para se alimentarem. Os presos não podem ficar juntos em uma sala comum.

Banhos somente em dias alternados. As visitas também são aceitas, mas devem ser pré-aprovadas pela direção da instituição. Os detidos também podem receber cartas todos os dias, exceto feriados e fins de semana.

A contagem dos presos no corredor da morte ocorre ao menos a cada hora. Eles devem usar algemas em todos os lugares da prisão, menos dentro da cela e no pátio onde fazem exercícios físicos. Os detidos só deixam a cela por questões médicas, para fazer exercícios, receber visitas (incluindo de seus advogados) ou entrevistas à imprensa.

Preso é mudado de cela após governador assinar a sentença de morte dele. Os condenados são levados para a cela conhecida como "Vigília da morte" e têm direito a uma ligação telefônica legal e uma social.

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