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Como morte de prefeito decapitado explica atuação de cartéis no México

7.ou.2024 - Funeral do prefeito de Chilpancingo, Alejandro Arcos Imagem: JESUS GUERRERO / AFP

Do UOL, em São Paulo*

10/10/2024 05h30

Em pouco mais de uma semana, três agentes públicos foram assassinados em Chilpancingo, capital de Guerrero, no sudoeste do México. Entre eles está o prefeito recém-eleito, Alejandro Arcos, decapitado pelos criminosos no domingo (6).

O que aconteceu

A imprensa mexicana levanta a possibilidade de Arcos ter sido morto por integrantes de um dos cartéis que atuam na cidade. Segundo a empresa de segurança internacional AC Consultores, três grupos criminosos estão presentes em Chilpancingo: Cartel del Sur, Los Tlacos e Los Ardillos.

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O líder do Ardillos, Celso Ortega Jiménez, foi flagrado em uma reunião com a então prefeita Norma Otilia Hernández, no ano passado. O episódio levou à expulsão dela do partido Morena em setembro deste ano. O secretário de segurança de Chilpancingo, Omar García Harfuch, disse que Arcos estava a caminho de uma reunião em Petaquillas, cidade dominada por facções ligadas ao cartel que se reuniu com a ex-prefeita.

"O México se constitui como uma das rotas mais importantes para o comércio ilícito do mundo", ressalta ao UOL Tomaz Oliveira Paoliello, professor e pesquisador sobre segurança da PUC-SP. "Isso não significa que vá produzir violência. Outros lugares que têm presença do crime organizado não são tão violentos. A violência está relacionada com a presença de grupos em disputa", acrescentou.

Prefeito Alejandro Arcos Imagem: Reprodução/Facebook via Reuters

No plano nacional, Sinaloa e CJNG (Jalisco Nova Geração), os dois principais cartéis do México, disputam áreas estratégicas para o tráfico de drogas. A violência no país vizinho está concentrada em: rotas para o transporte de drogas, fronteiras, portos de entrada dos componentes chineses do fentanil - droga sintética - e regiões agroindustriais submetidas à extorsão.

O sociólogo José Vicente Tavares, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), cita um acordo de paz como uma medida a curto prazo para combater a violência relacionada aos cartéis. "Um acordo em nome da redução da violência letal. Tivemos a experiência da militarização da segurança, que não deu resultado. Acho que a nova presidente deve ir por esse caminho", destaca.

Guerrero é a 12º entidade federativa mexicana com a maior taxa de vítimas de crimes por cada 100 mil habitantes, segundo pesquisa do Inegi (Instituto Nacional de Estatística e Geografia). Foram registrados 15.602 delitos em 2023, uma queda de 11,3% em relação a 2022 (17.580).

Plano de segurança

Claudia Sheinbaum, presidente do México Imagem: Reprodução/Instagram @gobmexico

Claudia Sheinbaum, presidente recém-empossada do México, apresentou na terça-feira (8) um plano de segurança para acabar com a espiral de violência no país, que mata 30 mil por ano. "A guerra contra o tráfico de drogas não vai voltar", disse a governante de esquerda, referindo-se à ofensiva iniciada em 2006 com participação militar e apoio dos Estados Unidos.

Sheinbaum manterá em linhas gerais a estratégia de seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador. Ele defendia o combate à criminalidade desde suas raízes com investimento social.

O professor Tomaz Paoliello ressalta a importância do investimento na área social, mas sugere medidas mais efetivas a curto prazo. "Para redução da violência, negociação de tréguas e divisão de espaços entre facções criminais no curtíssimo prazo", exemplifica.

No pronunciamento, a nova presidente defendeu priorizar os estados mais perigosos: Guanajuato, Baja California, Chihuahua, Guerrero, Jalisco e Sinaloa, além de atacar o que chamou de "crimes de alto impacto", como a extorsão.

Tem que separar o combate ao crime organizado do combate à violência. Inclusive, o combate ao crime organizado, via de regra, produz mais violência quando há confronto armado com forças policiais.
Professor Tomaz Oliveira Paoliello

*Com informações da AFP

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