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Morte de imigrante negro por policial em Portugal causa revolta; veja

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/10/2024 17h21

A morte de um imigrante negro de Cabo Verde, na segunda-feira (21), baleado por um agente da polícia de Portugal por, supostamente, resistir à prisão e tentar agredir os agentes com uma faca, gerou onda de revolta em Lisboa.

O que aconteceu

A vítima, identificada como Odair Moniz, 43, morava com a família no bairro do Zambujal, em Amadora, uma região pobre localizada em Lisboa. Ele foi morto com dois tiros por policiais que alegam ter agido em legítima defesa, após o cabo-verdiano, supostamente, ter resistido à ordem de prisão contra ele e por atacar os agentes com uma faca. As informações são da imprensa de Portugal.

Odair deixou a esposa e dois filhos. Ele era natural de Cabo Verde, uma ex-colônia de Portugal, para onde se mudou. Moniz trabalhava em um café e era funcionário de um restaurante em Lisboa. Conforme a polícia portuguesa, ele já tinha passagens pela Justiça por tráficos de drogas, mas familiares afirmam que ele não teria mais envolvimento com o crime e realizava trabalhos comunitários.

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O presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, lamentou a morte de Odair Moniz, classificada como um "episódio trágico que entristece a todos" e manifestou "solidariedade à família enlutada". Neves também disse confiar nas investigações das autoridades portuguesas para resolver o caso.

O Ministério da Administração Interna de Portugal determinou abertura de inquérito par apurar o ocorrido. Em nota, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, não lamentou a morte do imigrante negro, mas afirmou acompanhar a investigação do caso. O policial que efetuou os disparos contra Moniz não foi afastado, mas é alvo de investigação, conforme a CNN Portugal.

Protestos

Morte de Odair provocou manifestações em Lisboa e no entorno. Desde o ocorrido, manifestantes têm tomado as ruas da capital portuguesa, com diversos veículos incendiados e alguns presos.

Pelo menos três pessoas foram presas por envolvimento nos protestos, dois policiais ficaram feridos em decorrência de apedrejamentos e dois civis foram esfaqueados em circunstâncias a serem esclarecidas. Ao menos duas viaturas da polícia portuguesa foram danificadas, enquanto cerca de nove veículos particulares foram incendiados, além de dois ônibus que também ficaram em chamas.

Manifestações tiveram inícios no Zambujal, mas se espalharam pela área metropolitana de Lisboa. Ministra da Administração Interna chamou de "inadmissíveis" em protestos registrados em Lisboa. Margarida Blasco afirmou que as autoridades estão "fazendo o que é necessário para retomar a tranquilidade pública na cidade", e ressaltou que os responsáveis pelos "tumultos" serão responsabilizados.

Organização SOS Racismo questionou a versão da polícia para a morte de Moniz. A entidade afirma que a morte do imigrante negro ocorreu em um "contexto político de exacerbação do discurso de ódio e de uma segurança estigmatizante às comunidades negras".

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