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Plantio e religião explicam: por que eleição nos EUA é em terça de novembro

Eleições nos EUA: data tem origem em passado agrícola Imagem: REUTERS

Colaboração para o UOL

31/10/2024 05h30

Os EUA seguem uma tradição que fixa as eleições em uma terça-feira de novembro. Criada em 1845, a regra buscava atender a uma sociedade rural, respeitar o calendário agrícola e as obrigações religiosas, além de evitar influência antecipada nos resultados estaduais.

Como é a regra e por que é assim?

A tradição eleitoral dos EUA remonta ao século 19, quando o Congresso fixou uma data padrão para as eleições. Em 1845, uma lei determinou que a votação presidencial aconteceria na "terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro".

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A decisão eliminou a prática anterior, em que cada estado escolhia sua data, permitindo uma janela de 34 dias. Esse período gerava problemas, pois resultados antecipados podiam influenciar estados que ainda não haviam votado. Segundo o Pew Research Center, a padronização visava a proteger a integridade do processo eleitoral.

A escolha do mês de novembro e do dia da semana foi prática e cultural. Em meados do século 19, os Estados Unidos eram uma sociedade predominantemente agrária, e a maioria dos eleitores eram fazendeiros. O Congresso evitou os meses de primavera e verão, para não coincidir com o plantio e a colheita, e optou por novembro, antes do inverno rigoroso. Esse período permitia o deslocamento dos eleitores com maior segurança, conforme detalha o History Channel.

O calendário semanal também foi considerado, respeitando a rotina religiosa e agrícola da época. Como os eleitores precisavam viajar longas distâncias para votar, o domingo, reservado para atividades religiosas, não era ideal. Por isso, as viagens começavam na segunda-feira para que os eleitores chegassem ao local de votação na terça-feira, votassem e pudessem retornar na quarta-feira. Essa escolha respeitava a vida rural e os compromissos locais.

Com o tempo, essa tradição tornou-se um diferencial dos EUA —outros países adaptaram suas eleições para os fins de semana, facilitando a participação popular. Em nações como França e Alemanha, o calendário eleitoral visa a maximizar o comparecimento. Nos EUA, propostas para mover o dia da eleição para um feriado ou final de semana ganham força, mas enfrentam resistência no Congresso.

O modelo americano enfrenta críticas por dificultar o acesso ao voto de trabalhadores, especialmente em estados onde a terça-feira não é feriado, segundo o Voice of America. Muitos críticos consideram a tradição de 180 anos desatualizada em uma sociedade urbana e com rotinas modernas, em que conciliar trabalho e votação em um único dia é um desafio.

No Brasil

No Brasil, as eleições para o Executivo e Legislativo federal e estadual ocorrem no primeiro domingo de outubro. O cronograma foi estabelecido pela Emenda Constitucional n.º 16, de 4 de junho de 1997. Essa emenda também estipula o último domingo de outubro como data para um eventual segundo turno.

A redação original da Constituição Federal de 1988, no entanto, previa um cronograma diferente. O artigo 28 indicava que as eleições para governador deveriam ocorrer "noventa dias antes do término do mandato de seus antecessores", com posse no dia 1º de janeiro do ano seguinte. A mudança introduzida pela emenda em 1997 adaptou as eleições para um sistema de datas fixas, estabelecendo o padrão que hoje seguimos.

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