'Escondi meu bebê no forro do teto' diz brasileira sobre chuvas na Espanha
Patricia Calderón
Colaboração para o UOL
01/11/2024 05h30
A empresária baiana Gleice Baltazar Santos, 40 anos, falou com exclusividade ao UOL e relatou o que passou durante as enchentes que mataram pelo menos 150 pessoas em Valência, a terceira maior cidade da Espanha, na última terça, 29. Dezenas continuam desaparecidos, segundo as autoridades locais. A brasileira, que mora na cidade, tem um
O que aconteceu
Gleice deu à luz há duas semanas e estava sozinha com o bebê quando a água invadiu a casa dela. Ela mora num prédio que tem 2 andares, a unidade dela fica no térreo.
"Foi catastrófico, horrível. A água subiu muito rápido. Quando olhei para o lado, já vi geladeira e fogão flutuando com tanta água. Perdi tudo. Entrei em desespero com água na cintura, e precisava salvar meu bebê. Escondi meu filho no forro do teto do apartamento para ele não morrer afogado
Gleice Baltazar Santos, empresária
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Na Espanha há 18 anos, a empresária é mãe solo e vende roupas. Matteo, de 14 dias, foi resgatado por uma vizinha. "Eu precisava tirar meu filho do local, tive muita sorte de vizinha do apartamento de cima me ajudar. Se não fosse por ela, talvez não estivesse aqui para contar a história. Agradeço a Deus por estarmos vivos. São muitas pessoas mortas e desaparecidas, e por um milagre, estamos bem"
Gleice e Matteo estão na casa de amigos no centro de Valência. "Ainda não retornei para casa. Moro praticamente a 5 passos do rio que transbordou. Não sei como será daqui para frente". Gleice está sendo mantida com ajuda de amigos e doações da população local.
Epicentro da tragédia
O maior impacto foi sentido em Paiporta, na Comunidade Valenciana, onde a brasileira mora com o filho. Segundo o jornal espanhol El Mundo, Paiporta é o Epicentro da tragédia com 60 mortos. Seis destas vitimas fatais estavam em um asilo na região.
"Muitos desaparecidos". O número de mortos ainda pode crescer, afirmou o ministro da Polícia Territorial, Ángel Victor Torres: "Infelizmente tudo leva a crer que esta cifra vai aumentar".
Rastros de destruição. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram que pontes e edifícios foram destruídos. Meteorologistas disseram à Reuters que a chuva de um ano caiu em apenas oito horas em Valência. Algumas áreas do município ficaram sem serviço de telefonia e energia elétrica nesta quarta-feira (30).
Aemet registrou 445,4 mm de chuva em 24 horas em Valência. É a maior precipitação em um dia na província desde 11 de setembro de 1996, quando caíram 520 mm em Tavernes de la Vall e 86 pessoas morreram. A média anual de precipitação na região é cerca de 500 mm, segundo a Metsul
Parte de Valência está inacessível. As estradas estão inundadas, e os sistemas de transporte aéreo e ferroviário foram gravemente impactados na província espanhola. "Reiteramos a importância de não fazer deslocamentos por estrada nas províncias afetadas na região", afirmou o presidente regional do leste de Valência, Carlos Mazón.