Lula diz torcer para Kamala ganhar nos EUA após 'democracia ruir' sob Trump
O presidente Lula (PT) afirmou hoje que está "torcendo" para que a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, vença as eleições do país, na semana que vem.
O que aconteceu
"Eu acho que a Kamala Harris, ganhando as eleições, é muito mais seguro de a gente fortalecer a democracia nos Estados Unidos", disse Lula em entrevista ao canal francês TF1+. A entrevista foi gravada por videoconferência nesta manhã no Palácio da Alvorada e transmitida na Europa nesta tarde.
Como eu sou amante da democracia, acho que é a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar nosso planeta, obviamente fico torcendo para Kamala ganhar as eleições.
Lula, em entrevista a canal francês
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Kamala disputa as eleições pelo Partido Democrata, contra o ex-presidente Donald Trump (Partido Republicano). Com pleito marcado para a próxima terça (5), as pesquisas têm mostrado empate técnico entre os dois.
Lula se aproximou do atual presidente Joe Biden, substituído por Kamala na disputa. Apesar de o Itamaraty indicar que não vai ter problemas com qualquer vencedor, sob a prerrogativa de que é uma relação de Estado, ninguém esconde que uma vitória de Trump, de extrema direita e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seria mais desconfortável para o Planalto.
O brasileiro não poupou críticas ao ex-presidente norte-americano. "Nós vimos o que foi o presidente Trump no final do seu mandato, fazendo aquele ataque ao Capitólio", lembrou Lula sobre os atentados golpistas após a derrota do republicano, pouco antes da posse de Biden, em janeiro de 2021.
"Uma coisa que era impensável de acontecer nos Estados Unidos, porque os Estados Unidos se apresentavam ao mundo como um modelo de democracia —e esse modelo ruiu", disse o brasileiro. Com frequência, Lula compara o ataque em Washington aos atentados golpistas de 8 de Janeiro em Brasília, logo após a sua posse, em 2023.
G20 não vai discutir guerra, diz Lula
Lula falou ainda que os conflitos internacionais não deverão ser pauta da cúpula do G20 no Rio de Janeiro. O Brasil recebe o encontro das 20 maiores economias do mundo em dezembro, e o presidente russo Vladimir Putin já avisou que não vem.
"Nós não achamos que o fórum do G20 será o espaço para discutir a guerra entre os dois países", disse Lula, que completou também não querer tratar sobre o conflito na Faixa de Gaza. "Nós não convidamos o [presidente ucraniano Volodimir] Zelensky para participar e o Putin não vai participar", afirmou ele, falando que há outros temas que precisam ser tratados no encontro e o fórum para falar de guerra seria a ONU (Organização das Nações Unidas), que ele chamou de "enfraquecida" e que necessita de uma reforma.
A possível ida de Putin geraria ainda uma sinuca de bico para Lula. O russo foi condenado pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), do qual o Brasil é signatário, e poderia ser preso caso pisasse em solo brasileiro.
Lula propôs ainda a realização de um referendo para decidir a disputa territorial entre Rússia e Ucrânia. "Vamos deixar o povo decidir. Vamos consultar o povo para saber se ele quer", sugeriu o presidente.
A Rússia diz que os territórios que eles estão ocupando são russos. A Ucrânia diz que é deles. Mas por que, em vez de guerra, não faz um referendo para saber com quem o povo quer ficar? Seria muito mais simples, muito mais democrático e muito mais justo.
Lula, em entrevista a canal francês