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Boeing explodiu após colisão na Coreia do Sul: modelo é considerado seguro

Do UOL, em São Paulo

29/12/2024 11h32Atualizada em 29/12/2024 15h13

Modelo de avião Boeing 737, como o que explodiu após uma colisão com muro no Aeroporto Internacional de Muan, é considerado consagrado em segurança para os especialistas. 179 mortes foram confirmadas e duas pessoas sobreviveram.

O que aconteceu

"O modelo já está consagrado há muito tempo." O professor de Engenharia Aeronáutica da USP (Universidade de São Paulo), Fernando Catalano, afirma que desde o início das operações, em 1977, atualizações são realizadas no modelo e que dificilmente um acidente desse tipo é causado por falta de manutenção. "Recorde de segurança", afirmou o especialista ao UOL.

"Transporte mais seguro que existe", explica o professor. Para operar na aviação civil são necessárias manutenções periódicas, que podem durar de um a dois anos: três protótipos são testados em voo e dois em solo "extensivamente testados", certifica Catalano.

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Fernando Catalano

O 737-800 faz parte da série "Next-Generation" da Boeing e acomoda de 162 a 189 passageiros. Segundo a empresa, são mais de 9.300 encomendas para os modelos 737-600/-700/-800/-900ER. O 737-600 é o menor e comporta de 110 a 132 passageiros, enquanto o 737-700 pode transportar de 126 a 149 passageiros. Já o 737-900ER, o mais longo da série, pode chegar a 220 pessoas a bordo, dependendo da sua configuração.

Segundo a Boeing, os modelos mais recentes foram desenvolvidos para otimizar decolagem e aterrissagem em pistas menores. As aeronaves teriam certificado de aterrissagem por GPS, que utiliza satélites para tornar os pousos mais "eficientes, precisos e ecológicos", diz a multinacional.

Colisão com muro ocorreu em pista de 2.800 metros. O governo coreano descartou a hipótese de que a pista do Aeroporto Internacional de Muan era muito pequena para o pouso da aeronave.

"A pista tem 2.800 metros de extensão, mas com obras em andamento, atualmente tem cerca de 2.500 metros de comprimento real", disseram às autoridades em uma coletiva de imprensa. "A aeronave Boeing 737-800 que caiu hoje pode pousar em pistas de 1.500 a 1.600 metros de comprimento."

Boeing classifica o modelo como "familiar", "popular" e "comercial". Segundo o The New York Times cerca de 200 companhias aéreas utilizam o 737-800, incluindo cinco na Coreia do Sul: Jeju Air, T'way Air, Jin Air, Eastar Jet e Korean Air.

Falha pode ter ocorrido após "bird strike"

Bombeiros apagam fogo que começou em avião após batida em muro na Coreia do Sul Imagem: Yonhap via Reuters

Colisões com pássaros podem ter motivado falhas no trem de pouso. Autoridades aeroportuárias sul-coreanas afirmaram que a tripulação havia sido alertada antes da tentativa de pouso sobre o risco de colisão com pássaros — o Aeroporto Internacional de Muan fica na costa oeste da Península Coreana, região de descanso de aves migratórias. Esse é o décimo acidente envolvendo pássaros no mesmo aeroporto nos últimos cinco anos. Em toda a Coreia do Sul, 152 casos foram registrados em 2023.

Os "birds strikes", ou colisões com pássaros, são problemas já previstos e testados pela aviação. "Dificilmente um pássaro consegue danificar um trem de pouso, que é muito robusto", afirma o professor. Segundo ele, essas colisões são previstas e exaustivamente testadas. "Geralmente acontece na decolagem, pode também acontecer numa aterrissagem", explica o especialista.

Se utilizam efeitos pirotécnicos para espantar pássaros desses locais. Pássaros pequenos e médios não representam problemas para os aviões, mesmo que entrem nos motores. Já os maiores -- pelicanos, gansos -- podem causar problemas durante as decolagens e aterrissagens.
professor Fernando Catalano, USP São Carlos

Aeronave emitiu pedido de socorro. Em uma coletiva de imprensa, o Ministério de Terras, Infraestrutura e Transportes, que supervisiona a segurança da aviação sul-coreana, informou que o piloto da aeronave emitiu um pedido de socorro às 8h58. Ele tentou pousar logo em seguida, mas não obteve sucesso. Numa segunda tentativa, a torre de controle autorizou que o pouso fosse realizado na direção contrária — após um alerta de colisão com pássaros ser emitido.

Ao tentar pousar na pista 1, a torre de controle emitiu um alerta de colisão com pássaros e o piloto declarou socorro pouco depois. A aeronave Boeing 737-800 que caiu hoje pode pousar em pistas de 1.500 a 1.600 metros de comprimento. É difícil atribuir o acidente à extensão da pista porque outros aviões pousaram sem problemas.
Ministério de Terras, Infraestrutura e Transportes da Coreia do Sul

Jeju Air trabalha com o governo sul-coreano para determinar a causa do acidente. Em nota, o presidente da companhia aérea, Kim Lee Bae, lamentou as mortes e afirmou que a Jeju Air está acompanhando as investigações das agências governamentais. "Independentemente da causa do acidente, sinto plena responsabilidade como CEO", certificou.

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