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México oferece até R$ 8 mil para cidadãos que entregarem armas

9.dez.2004 - Cerimônia de destruição de cerca de 10 mil armas de fogo recolhidas pela Campanha do Desarmamento, realizada no Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília - Sérgio Lima/Folhapress - 9.dez.2004 9.dez.2004 - Cerimônia de destruição de cerca de 10 mil armas de fogo recolhidas pela Campanha do Desarmamento, realizada no Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília - Sérgio Lima/Folhapress - 9.dez.2004
9.dez.2004 - Cerimônia de destruição de cerca de 10 mil armas de fogo recolhidas pela Campanha do Desarmamento, realizada no Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília Imagem: Sérgio Lima/Folhapress - 9.dez.2004

Do UOL*, em São Paulo

15/01/2025 05h30

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, lançou oficialmente nesta sexta-feira (10) uma iniciativa para desarmar a população, oferecendo uma quantia de dinheiro por cada arma entregue. Desde 2004, o Brasil já teve três grandes campanhas de desarmamento, que agora são permanentes no país.

O que aconteceu

O programa convida mexicanos a entregar armas de fogo nas igrejas de maneira anônima em troca de dinheiro. Para uma arma artesanal, serão pagos 1.045 pesos (pouco mais de R$ 300), enquanto por uma metralhadora, o valor chega a 26.450 pesos (quase R$ 8 mil).

Uma arma foi simbolicamente destruída por militares durante a cerimônia. O programa público de desarmamento se estenderá para todo o país, com a colaboração das igrejas mexicanas e sob coordenação dos ministérios de Defesa, Governança (Interior) e Segurança Pública.

Em 2023, o México registrou 31.062 homicídios. Destes, 70% foram cometidos com armas de fogo, de acordo com dados preliminares do instituto nacional de estatística, INEGI.

Brasil já recolheu mais de 650 mil armas em dez anos

Em dez anos, o Brasil conseguiu recolher 649.250 armas com o programa. Os dados são do período de 2004 a 2014, e foram divulgados por um balanço da Secretaria Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça.

Três grandes campanhas foram promovidas nos anos de 2004, 2008 e 2011. Na primeira, realizada entre 2004 e 2005, foram recolhidas mais de 400 mil armas de fogo em todo país, que foram posteriormente destruídas pelo Exército.

Governo pagou valores de até R$ 300 por unidade, de acordo com o calibre e tipo de armamento. O estado com o maior número de armas devolvidas naquele ano foi São Paulo (1.116), seguido de Pernambuco (501) e Rio Grande do Sul (288). O revólver foi o armamento mais devolvido (1.288). Depois, vêm espingarda (554) e carabina (166).

Sucesso na prática levou a mais outras duas grandes campanhas. A de 2011 foi motivada por estudos como o Mapa da Violência, divulgado pelo Ministério da Justiça, que apontaram diminuição da violência e queda nos índices de homicídio no período das ações anteriores.

Segundo a Câmara de Deputados, do total de homicídios registrados por ano no Brasil, 80% são cometidos com armas compradas legalmente. Além disso, o número de armas de fogo registradas no Brasil aumentou 65% em 2019 e 2020, o que significa que existem 1,1 milhão de unidades legais nas mãos de cidadãos.

Campanha ainda está disponível

Atualmente, a entrega voluntária de armas mediante indenização é uma política pública definitiva. O cidadão que quiser entregar armas ou munições, pode se dirigir a um dos 2.127 postos de recolhimento distribuídos pelo país. As unidades funcionam em 1.115 delegacias de Polícia Civil, 744 batalhões da Polícia Militar, 127 pontos da Polícia Federal, 64 da Polícia Rodoviária Federal, 48 da Guarda Municipal, cinco do Corpo de Bombeiros e 24 da sociedade civil.

Valores atuais de indenização variam de R$ 150 a R$ 450. Os proprietários ou possuidores de arma de fogo, com ou sem registro, podem entregá-las, explica o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Natália Pollachi, diretora de projetos do Instituto Sou da Paz, diz que quantidade de armas entregues caiu nos últimos anos. ''O número reduziu bastante nos últimos anos em relação aos primeiros anos da campanha, o que pode estar relacionado a uma menor quantidade de armas, mas também a um menor esforço de comunicação sobre a existência da campanha'', explica.

A gente recebe muito e-mail e telefonemas perguntando se a campanha ainda existe, então as pessoas têm essa dúvida. Por isso, é importante mantê-la em pauta hoje e fazer melhor uso da diversidade de canais de comunicação que podem ser utilizados para divulgar. Natália Pollachi

*Com informações da AFP


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