Mãe procura filho brasileiro que desapareceu em Roma: 'Mereço uma resposta'
Um brasileiro de 30 anos está desaparecido em Roma desde o dia 31 de dezembro de 2024. O último contato do pernambucano Alphaville Pedrosa de Melo foi por meio de uma chamada de vídeo com a mãe, a vendedora Letícia Schneider, 50, que mora em Portugal há quatro anos. Há uma semana, ela largou o emprego e viajou para a Itália em busca de notícias do filho.
O que aconteceu'
A mãe falou pela última vez com o filho por volta das 14h no dia 31 de dezembro. Na ligação, Alphaville contou que o seu carro havia quebrado em um local desconhecido por ele. "No vídeo, eu consegui ver que parecia uma floresta, uma rua sem pessoas por perto. Falei para ele deixar o carro lá porque era o dia de ano-novo, seria difícil conseguir um mecânico disponível. Que ele voltasse para resolver em outro dia. Esse foi o meu último contato com o meu filho", contou Letícia ao UOL.
A vendedora tentou contato com o filho horas depois, à noite. Ela queria entender se o brasileiro tinha consertado o carro. Mas não houve retorno. As ligações caíam na caixa postal e as mensagens encaminhadas por WhatsApp não eram entregues. "Eu mereço uma resposta, todos os dias vou em uma cidade italiana diferente tentando encontrar pistas, eu mereço uma resposta", lamentou.
O carro, o celular e os demais pertences de Alphaville ainda não foram encontrados. A mãe está em contato com a polícia italiana, que investiga o desaparecimento. Ela relatou que para o veículo do filho ser rastreado, o governo de Portugal precisa encaminhar uma documentação às autoridades italianas, já que a matrícula do carro é portuguesa. "Portugal está muito devagar, e o consulado do Brasil em Roma não me ajuda, não recebi uma ligação sequer", denunciou Letícia Schneider.
Alphaville Pedrosa de Melo havia se mudado para Roma em outubro de 2024. Ele e a família vivem na Europa há mais de 20 anos. Letícia contou que morou na Suíça por duas décadas e decidiu se mudar com a família para Portugal há quatro anos. Após se divorciar, Alphaville aceitou uma proposta para ser motorista em uma distribuidora na Itália.
Ele chegou em Roma no dia 29 de outubro. O brasileiro contou à mãe que o trabalho era para ser motorista e entregar os produtos dessa distribuidora. "A cada 30 minutos a gente se falava, somos muito apegados. E como ele estava muito triste desde o fim do casamento, eu estava sempre em contato com ele", disse.
O casamento dele não ia bem, por isso, ele se separou há uns quatro meses. Primeiro, ele saiu de Portugal e voltou para a Suíça. Estava trabalhando em um hotel como cozinheiro, tinha emprego e dormia no local. Cerca de 30 dias depois, um conhecido entrou em contato com ele e ofereceu essa oportunidade em Roma. Ele estava animado, mas eu falei que ele não deveria ir, fui contra. Mas ele insistiu e foi.
Letícia Schneider, mãe de Alphaville Pedrosa
Mensagens anônimas e esquema 'não muito legal'
Sem notícias do filho, Letícia começou a busca por conta própria. Em grupo de brasileiros que vivem em Roma, ela relatou o caso e denunciou o desaparecimento. Uma das administradoras a procurou por WhatsApp e orientou que ela procurasse a polícia. "Não conseguimos notícia direta sobre o seu filho, somente que talvez ele estaria envolvido em um esquema não muito legal aqui em Roma. Portanto meu conselho é a polícia", dizia a mensagem.
"Entrei em pânico como qualquer mãe que ama o filho", afirmou. Ela largou o emprego e viajou para Roma. A vendedora ainda não descobriu qual seria o suposto "esquema" que o seu filho estaria envolvido.
A brasileira também contou que tem recebido algumas mensagens anônimas após o filho desaparecer. "Dizem que o amigo que o contratou sabe o que aconteceu com ele. Alguma coisa está acontecendo. Quase que não levanto da cama, tem sido difícil. Todos os dias vou atrás de provas, recebo telefonemas ocultos. Eles pegaram o meu filho e até agora eu não sei se meu filho está vivo ou morto".
Durante a investigação, Letícia descobriu que a conta bancária do filho estava sendo movimentada. Ela lembrou que ficou aliviada porque se ele estava usando o dinheiro era um sinal de que estava vivo. Mas a aflição da mãe aumentou ainda mais quando foi informada que não era o filho que estava usando o cartão bancário. "Estava muito feliz de saber da movimentação financeira do meu filho, até descobrir a verdade".
Essa pessoa, que o contratou e se diz amigo, estava usando o cartão dele. A história que ele me contou é muito esquisita e eu não acredito. Ele me disse que sem querer, ele e o meu filho trocaram o cartão enquanto usavam cocaína, ainda em dezembro. E que ele só teria se dado contato disso agora em janeiro.
Letícia Schneider, mãe de Alphaville Pedrosa
Mensagem anônima encaminhada para a mãe diz que o amigo contratante colocou o filho em um "esquema". "O meu filho não tinha vícios, sim, ele estava triste por causa do fim do casamento, mas ele não fazia coisa errada. Recebo essas mensagens acusando esse suposto amigo, mas não tenho provas. E não sei qual esquema é esse que eles falam", lamentou.
A mãe diz que só vai sair da Itália com uma resposta. "Eu só vou embora com o meu filho, vivo ou morto. Tenho direito de enterrar ele. Quero respostas, ninguém desaparece assim", disse. Ela detalhou o contratante e suposto amigo do filho já prestou depoimento à polícia.
Cartazes com a foto e informações de Alphaville Pedrosa foram colocados em hospitais e locais públicos de Roma. O caso também ganhou destaque na imprensa italiana. A reportagem entrou em contato por e-mail com o Departamento de Polícia de Roma e aguarda retorno.
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, informou que tem conhecimento do caso e presta assistência consular à família do brasileiro.
6 comentários
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Priscila Jimenez
Que tristeza e angústia só de ler, que Nossa Senhora o proteja e ele encontre a mãe com vida.
Marcelo Sarno
Nem imagino a angustia da mãe, mas essa história ainda merece explicação.
Maria Maria
UOL todo dia? sabe quantos sumiram hoje e ontem ?AQUI mesmo? quantos? baleados ect onde/ NO BRASIL?