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Trump congelou contratação de controladores de voo dias antes de acidente

Pedaços de aeronave são retirados de rio Potomac após acidente aéreo nos EUA -  REUTERS/Carlos Barria Pedaços de aeronave são retirados de rio Potomac após acidente aéreo nos EUA -  REUTERS/Carlos Barria
Pedaços de aeronave são retirados de rio Potomac após acidente aéreo nos EUA Imagem: REUTERS/Carlos Barria

Colaboração para o UOL

30/01/2025 11h51

O presidente Donald Trump congelou a contratação de controladores de voo na última semana, dias antes da colisão aérea entre um helicóptero do Exército dos EUA e um avião comercial da American Airlines em Washington, D.C., nesta quarta-feira (29).

O que aconteceu

Logo após a posse, em 20 de janeiro, Trump assinou um decreto que congelava a contratação de mais funcionários federais. No entanto, o texto da ordem presidencial garantia que "a ordem não se aplicava a funcionários militares das forças armadas ou posições relacionadas ao controle de imigração, segurança nacional ou segurança pública".

No dia 21, Trump também emitiu uma ordem para que a FAA (Administração Federal Aérea, a Anac dos EUA) interrompesse suas contratações com base na DEI, a política de diversidade, igualdade e inclusão. De acordo com o presidente, o governo Biden "buscou especificamente recrutar e contratar indivíduos com enfermidades sérias que poderiam impactar a execução de seus deveres essenciais que salvam vidas" dos americanos, por serem responsáveis pelo tráfego aéreo.

Donald Trump é questionado pela decisão administrativa Imagem: Reprodução

No dia 22, o Comitê da Câmara de Transporte e Infraestrutura denunciou que Trump havia "congelado a contração de controladores de voo". Em comunicado à imprensa, o deputado democrata Rick Larsen, membro do comitê, disse que "o bipartidário Ato de Reautorização da FAA de 2024 ordena que o governo contrate o número máximo de controladores de voo. É o que a lei diz, então o governo deve anular esta ordem executiva ridícula". Segundo ele, contratar controladores de voo é "a questão de segurança número um", de acordo com toda a indústria de aviação.

Em vez de trabalhar para melhorar a segurança aérea e diminuir custos para as famílias trabalhadoras americanas, o governo está escolhendo espalhar falsas alegações [sobre a política de] DEI para justificar esta decisão. Não estou surpreso pelas ações divisivas e perigosas do presidente, mas o governo deve reverter o curso. Vamos voltar à segurança da aviação e permitir que a FAA faça seu trabalho protegendo o público que voa. Rick Larsen, deputado democrata, membro do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara, em comunicado à imprensa

É importante destacar que é impossível, neste momento, afirmar que as ações de Trump ou dos controladores teriam causado o acidente. Investigações ainda estão em andamento.

O acidente na capital americana

Colisão entre helicóptero Black Hawk e avião da American Airlines aconteceu na aproximação para pouso, por volta das 21h dos EUA (23h de Brasília). O chefe do departamento de bombeiros de Washington D.C., John A. Donnelly, afirmou que as autoridades não acreditam que haja sobreviventes.

Avião transportava 60 passageiros e quatro tripulantes. Já no helicóptero militar, três soldados estavam a bordo, de acordo com as autoridades locais.

Barcos da polícia fazem buscas por vítimas de acidente aéreo nos Estados Unidos Imagem: REUTERS/Carlos Barria

Helicóptero Black Hawk realizava treinamento. O Exército dos EUA confirmou o envolvimento do helicóptero no acidente, além de afirmar que está colaborando com "as autoridades e forneceremos informações adicionais". A agência de notícias Associated Press afirmou que o helicóptero fazia um treinamento no momento da colisão.

Helicóptero seguia um padrão de voo. O secretário de Transporte dos EUA, Sean Duffy, afirmou que o voo de aviões militares na área é "usual", assim como o caminho seguido pelo avião. "Se você circula pela área, você vai ver que é frequente que as duas aeronaves voem pela região."

Trump alfinetou militares e controladores de voo

Trump criticou militares e controladores de voo. "O helicóptero estava indo direto para o avião por um longo período de tempo. É uma noite clara, as luzes do avião estavam acesas, por que o helicóptero não subiu, desceu ou virou?", questionou na rede social Truth.

Por que a torre de controle não disse ao helicóptero o que fazer, em vez de perguntar se eles viram o avião? Esta é uma situação ruim que deveria ter sido evitada. Donald Trump

Autoridades ainda não esclareceram as causas do acidente. Imagens mostram o momento em que o helicóptero colide com o avião, que fazia a aproximação para pouso no Aeroporto Nacional Reagan.

Nas redes, diversos usuários questionaram ou até responsabilizaram o presidente por congelar as vagas de controladores de voo. Norma Torres, parlamentar democrata da Califórnia, também disse estar "rezando pelas famílias das vítimas e exigindo respostas".

Espaço aéreo da região é congestionado

Helicópteros militares são vistos com frequência na região de Washington, que abriga várias bases militares. Entre 2016 e 2019, houve 88 mil voos de helicóptero a cerca de 50 km do Aeroporto Nacional Reagan, sendo 33 mil militares e 18 mil de "aplicação da lei", segundo relatório do Escritório de Responsabilidade Governamental de 2021.

Rotas de voo serão modificadas, se necessário. O Secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, prometeu a jornalistas nesta quinta que a FAA "tomará as medidas apropriadas, se necessário, para modificar as rotas de voo" e garantir a separação adequada entre aviões civis e helicópteros militares. Exército, Senado e Departamento de Defesa investigarão o caso.

Aeroporto Nacional Reagan é um dos mais movimentados dos EUA Imagem: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP

Em 2024, houve diversos casos de quase colisões no Reagan, o aeroporto mais próximo da capital dentre os três que servem a região de Washington. Em abril, incidente envolveu aviões comerciais da Southwest e JetBlue e, em maio, um jato da American Airlines e um avião de pequeno porte, segundo a agência Reuters.

Aeroporto é o mais movimentado dos EUA, com mais de 800 decolagens e aterrissagens diários. Na prática, um avião levanta voo ou pousa por minuto durante boa parte do dia; 90% deles em sua pista principal, já que as outras são consideradas curtas.

A falta de controladores de tráfego aéreo atrasou voos e levantou preocupações de segurança nos EUA no último ano. Em outubro de 2024, a FAA abriu uma auditoria sobre os riscos nas pistas dos 45 aeroportos mais movimentados do país. Apesar disso, o Congresso também aprovou cinco novos voos de ida e volta para Washington em 2024.


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