Comeu tartaruga e bebeu água da chuva: pescador passou 97 dias à deriva
Maria Angélica Oliveira
Colaboração para o UOL, em Lima
15/03/2025 05h30
Um pescador peruano de 62 anos foi resgatado depois de 97 dias à deriva em um pequeno barco em alto-mar, a mais de 1500 km de onde havia partido. A história guarda semelhanças com o filme As Aventuras de Pi, ganhador de quatro prêmios Oscar em 2013.
O que aconteceu
Máximo Napa Castro partiu sozinho para pescar no dia 6 de dezembro em Marcona, no sul do Peru. A previsão era passar um mês em alto-mar. Máximo é um pescador experiente e já trabalhou em barcos estrangeiros, na África do Sul e no Brasil, onde morou.
Motor do barco deixou de funcionar alguns dias após a partida, disse o filho de Máximo, Eder, que também é pescador. A embarcação começou a ser arrastada pela correnteza, se afastando mais da costa. O distanciamento fez Máximo perder a comunicação por rádio, que alcança no máximo 30 milhas (48 km).
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Acredito que a experiência dele o ajudou a sobreviver. Eu sempre disse à minha família que ele é uma raposa velha do mar, que iria lutar para sobreviver de várias formas, pescando, comendo aves. Nunca perdi a esperança. Lutamos e esgotamos todos os recursos Eder Napa, filho de Máximo
A última comunicação com Máximo ocorreu em 18 de dezembro. A partir daí, a família fez um boletim de ocorrência de desaparecimento e começou a pressionar as autoridades para que fizessem buscas.
Ele só foi encontrado em 12 de março. Um barco equatoriano que fazia de pesca de atum conseguiu avistar a embarcação de Máximo após receber coordenadas de um helicóptero, usado para monitorar os cardumes. Foi o piloto quem percebeu o náufrago à deriva. Segundo a família, o resgate aconteceu a 680 milhas (1094 km) da costa do Equador.
Máximo contou que sobreviveu com a água da chuva e com a pesca. Ele foi atendido no barco, onde recebeu soro para hidratação e logo fez uma ligação de vídeo para a família. "Quando foi resgatado, já tinha dias que ele não comia, nem tinha mais água. Dois dias antes ele havia pescado uma tartaruga e tomado o sangue dela", contou o filho.
Marinha peruana enviou um navio até o barco equatoriano para buscá-lo. Em seguida, Máximo segue para o porto de Paita, no norte do país.