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Tribunal belga ordena que bordel DSK retire iniciais de ex-diretor do FMI

Dominique Alderweireld, conhecido como Dodo La Saumure, dono do clube de sexo DSK - Ilvy Njiokiktjien/The New York Times
Dominique Alderweireld, conhecido como Dodo La Saumure, dono do clube de sexo DSK Imagem: Ilvy Njiokiktjien/The New York Times

Andrew Higgins

Em Tournai (Bélgica)

06/07/2014 00h06

Um tribunal da cidade de Tournai, no sudoeste da Bélgica, ordenou na segunda-feira (30) que um clube de sexo recém-inaugurado chamado DSK mudasse seu nome. A decisão foi mais uma vitória legal para o homem conhecido por essas iniciais: Dominique Strauss-Kahn, o político francês e ex-diretor do Fundo Monetário Internacional que enfrentou acusações, mais tarde derrubadas, de atacar sexualmente uma camareira de hotel em Nova York em 2011.

Strauss-Kahn entrou com o pedido para a mudança do nome em uma queixa em maio que acusou o clube de se apropriar de sua identidade sem consentimento para "fins comerciais e parasitários", e de causar uma "interferência insuportável em sua honra e direitos pessoais".

O tribunal ordenou que o administrador do clube, Dominique Alderweireld, abandonasse "toda menção e referência, quer direta ou indireta, ao nome, iniciais ou imagem" de Strauss-Kahn, que vem tentando superar sua reputação de libertinagem negligente e restabelecer-se como uma figura séria na França.

Na semana passada, Le Point, uma das principais revistas de notícias francesas, publicou uma longa reportagem chamando Strauss-Kahn de "fênix" e relatando suas opiniões depreciativas sobre o desempenho do presidente da França, François Hollande, socialista como ele.

Alderweireld, que é mais conhecido por seu apelido no mundo do crime, Dodo la Saumure, disse em uma entrevista depois da decisão que ele não se importa de mudar o nome de seu novo bordel e estava considerando chamá-lo de Clube FMI em vez disso. Mas ele acrescentou que não tinha feito nada para prejudicar a imagem já maculada de Strauss-Kahn e instruiu seu advogado em Tournai, Etienne Wery, a apelar da decisão do tribunal.

30.abr.2014 - O ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn vai acionar a justiça contra o uso de suas iniciais por Dominique Alderweireld, conhecido como "Dodo la Saumure", que batizou o seu novo bordel na Bélgica de "DSK", anunciaram nesta quarta-feira (30) seus advogados em um comunicado - Reuters/TF1 - Reuters/TF1
O ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn conseguiu ganhar a ação na Justiça contra o uso de suas iniciais
Imagem: Reuters/TF1

A prostituição é legal na Bélgica, mas a alcovitagem, ou cafetinagem, não é; ainda assim, as autoridades em geral toleram as chamadas "casas de libertinagem", ou bordéis. Wery disse que a Bélgica tem mais de 3.000 estabelecimentos que vendem sexo, mas que apenas seu cliente "reconhece abertamente o que faz".

A abertura de Alderweireld levou a uma série de problemas legais. Ele foi preso repetidamente desde a abertura de seu primeiro clube de sexo em Lille, no norte da França, em 1970, e está lutando contra duas acusações diferentes por cafetinagem na Bélgica. Ele também está enredado em uma investigação de longa data na França sobre um suposto anel de prostituição no Hotel Carlton em Lille, que fornecia mulheres para festas sexuais frequentadas por Strauss-Kahn na França e nos Estados Unidos.

Strauss-Kahn reconheceu ter participado das festas, mas disse que não sabia que as mulheres estavam sendo pagas. Alderweireld, que foi acusado de fornecer algumas das prostitutas, disse que várias mulheres que trabalhavam em seus clubes na Bélgica haviam comparecido a orgias com Strauss-Khan, mas tinham feito isso sem seu conhecimento. O caso deve ir ao tribunal no ano que vem.

Alderweireld insistiu que o nome de seu novo clube, o DSK, que foi inaugurado em abril, não foi inspirado por Strauss-Kahn ou pelos notórios apetites do mesmo, mas se trata simplesmente de uma abreviação de seu próprio primeiro nome mais as palavras Sex e Klub, na pronúncia holandesa. O holandês é falado em grande parte da Bélgica, embora não por ele e por muitas outras pessoas em Tournai, que fica na parte francofônica do país.

Em sua campanha por reabilitação, Strauss-Kahn tem sido agressivo. Seu advogado em Paris, Jean Veil, anunciou em maio que iria à Justiça por causa de "Welcome to New York", um filme em que Gérard Depardieu interpreta um viciado em sexo que ataca sexualmente uma camareira de hotel.

Strauss-Kahn também processou "A Bela e a Fera", um livro escrito por uma ex-amante, Marcela Iacub, que o descreveu como "metade homem, metade porco". O tribunal recusou-se a proibir o livro, mas concedeu indenização por danos morais e exigiu que cada cópia do livro tivesse um texto informando aos leitores que a privacidade de Strauss-Kahn havia sido violada.

Strauss-Kahn agora vive em Marraquexe, Marrocos, mas aparece regularmente em Paris e trabalha como consultor financeiro para governos e bancos, e como banqueiro de investimentos.

Promotores em Nova York derrubaram acusações contra ele em 2011 depois que duvidaram da veracidade de sua acusadora, uma camareira de hotel chamada Nafissatou Diallo. Strauss-Kahn mais tarde chegou a um acordo fora dos tribunais com ela, o que o poupou de testemunhar em um julgamento civil. Ele também venceu um caso contra a escritora francesa Tristan Banon, que disse que ele tentou estuprá-la em 2003. O promotor derrubou o caso depois de decidir que as provas sugeriam uma ofensa menos grave dentro de um prazo de prescrição mais curto que já havia expirado.

Strauss-Kahn, que é bem visto na França como economista, foi ajudado em sua busca por redenção pela atuação de Hollande, cuja profunda falta de popularidade deixou muitos eleitores desejando outro líder. Uma pesquisa de opinião na França no início deste ano colocou Strauss-Kahn no topo de uma lista de 14 figuras políticas francesas que os eleitores franceses prefeririam ver no Palácio do Eliseu no lugar de Hollande.