Ex-juíza chama abolição do Estado de Direito de 'migué jurídico'
A ex-juíza Ludmila Lins Grilo voltou a criticar o STF e chamou o crime de abolição violenta do Estado democrático de Direito de "migué jurídico" durante participação em um congresso conservador que reuniu brasileiros nos EUA.
O que aconteceu
A ex-juíza se posicionou mais uma vez contra o STF durante o Congresso Conservador Brasileiro nos Estados Unidos. Segundo Ludmila, ela foi convidada para falar sobre o "preço da liberdade", já que foi aposentada compulsoriamente pelo CNJ em 2023 após ataques ao STF nas redes sociais.
Antiga seguidora de Olavo de Carvalho, Ludmila Lins ainda aconselhou golpistas que se reunissem na Avenida Paulista, em São Paulo. Para ela, ninguém seria preso se não houvesse o STF. "Tem que fazer na Paulista mesmo, lá não tem STF. Lá ninguém vai poder te acusar de abolição violenta do Estado democrático de Direito, um 'migué' jurídico, um cinismo."
Ex-juíza também aproveitou o discurso para atacar o ministro Gilmar Mendes. "Eles sabem que isso é um 'migué' jurídico e o próprio Gilmar Mendes falou isso lá em Portugal e achou que ninguém ia saber. Mas hoje em dia todo mundo tem iPhone e todo mundo viu. Todo mundo sabe que você é um cínico", disse Ludmila, que ganhou popularidade nas redes sociais entre bolsonaristas em 2021, por criticar as políticas públicas de contenção da covid-19.
Nas redes sociais, ela compartilhou um outro trecho do discurso e disse que "a liberdade custa caro". Ludmila publicou em sua conta no Instagram que o preço da liberdade só é pago para aqueles que não aceitam ser "escravizados". "Ainda bem que há pessoas dispostas a pagar o preço de uma liberdade que será compartilhada por todos", disse.
O evento foi no município de Framingham, nos dias 29 e 20 de junho, e reuniu nomes já conhecidos do bolsonarismo. Além de Ludmila Lins, Paulo Figueiredo, Allan dos Santos, Claudio Caivano, Patricia Munhoz, Tânia Soster, Major Vitor Hugo, Ernesto Araújo, Maurício Galante e Wesley Ros foram palestrantes no evento. O ex-presidente Jair Bolsonaro participou via chamada de vídeo.
Na Avenida Paulista não tem praça dos Três Poderes para você ser acusado de golpe de estado. Na Avenida Paulista é infinitamente mais seguro fazer uma manifestação política do que em Brasília [...] Lá ninguém vai poder te acusar de abolição violenta do Estado democrático de Direito, um 'migué' jurídico, um cinismo.
Ludmila Lins, ex-juíza
Aposentada por atacar STF
Ludmila foi aposentada compulsoriamente pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em fevereiro do ano passado por má gestão e ataque a ministros do STF nas redes sociais. Ela era titular da Vara Criminal e da Infância e Juventude de Unaí (MG).
Antes da aposentadoria, a juíza já havia sido advertida pelo TJ-MG. Ela foi investigada por participação em empresa, morosidade processual, ausência de respostas a ofícios encaminhados pela Corregedoria local, ausência da magistrada em horário de expediente forense e falta de comprometimento com a prestação jurisdicional.
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