Mais de 5 mil focos de incêndio estão ativos no Brasil, diz Inpe
Giovanna Arruda
Colaboração para o UOL
10/09/2024 11h20
Diferentes estados brasileiros registram focos de incêndios ativos nessa terça-feira (10). Com temperaturas ultrapassando os 30ºC e umidade beirando índices insalubres, o fogo se propaga com facilidade, derrubando a qualidade do ar e espalhando fumaça pelo Brasil e até mesmo para países vizinhos.
O que aconteceu
Milhares de focos de calor assolam o território brasileiro. Segundo o Programa Queimadas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), cerca de 5,132 focos foram registrados nesta manhã.
Mato Grosso tem o maior número de focos de incêndio, segundo o Programa. São mais de 2,000 focos somente neste estado. O município de Peixoto de Azevedo foi o que mais registrou focos nas últimas horas. Pará, Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul fecham o ranking dos cinco estados com mais focos nesta terça-feira. As cidades paraenses de Altamira e São Félix do Xingu somam 400 focos de calor.
Norte concentra maior número de focos. Além do Pará e de Tocantins, Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima estão na lista do Programa Queimadas. Na região, somente o Amapá não figura na lista do Inpe.
Todas as regiões do Brasil apresentam focos de incêndio. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que formam a região sul do país, estão na lista do Programa Queimadas. Somados, os três estados têm pelo menos 114 focos. No sudeste, somente o Espírito Santo não figura na lista do Inpe. No Nordeste, a Bahia é o estado com maior número de focos: 39.
Programa Queimadas também contabiliza focos de incêndio por bioma. De acordo com os registros, o cerrado é o bioma que mais está sofrendo com o fogo: são quase 2,500 focos de incêndio. A Amazônia está em segundo lugar com 2,054 focos; Mata Atlântica em terceiro com 393 focos; Pantanal em quarto com 187 focos; Caatinga em quinto com 8 focos; e o Pampa, no Rio Grande do Sul, em sexto lugar com 1 foco identificado.
Estado de São Paulo tem dezenas de focos de incêndio ativos. A Defesa Civil trabalha para apagar o fogo que atinge, principalmente, a região do Vale do Paraíba. Cidades como Bananal, Campos do Jordão, Cunha e São Bento do Sapucaí estão sofrendo com os incêndios.
Clima seco e quente favorece a propagação de fogo. De 1º até o último domingo (08), setembro já acumulou 32.360 focos de queimadas no país, uma média de 4.045 ao dia (mais que o dobro da média do mesmo mês do ano passado, de 1.550). Historicamente, o mês é o pico de queimadas e em 2024, com a seca histórica que o país vive, os números estão acima da média dos últimos anos.
Ventos levam fumaça dos incêndios para países vizinhos. Segundo registros da plataforma Windy.com, a fumaça das queimadas no sul da Amazônia já chegaram a países como Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru e Argentina.
Previsão indica chuva escassa boa parte do país. Segundo a Climatempo, a cidade de São Paulo deve receber chuva somente no próximo domingo (15) e na próxima segunda-feira (16). Já para Cuiabá (MT), onde as temperaturas devem alcançar os 42ºC nos próximos dias, não há previsão de chuva até pelo menos o próximo dia 20. No Para, segundo estado com maior número de focos de incêndio, a chuva deve aliviar o fogo nas próximas quarta (11) e quinta-feira (12).
Início da semana tem sido de alerta em todo Brasil
Na última segunda-feira (09), diferentes áreas do Brasil sofreram com altas temperaturas e baixa umidade. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu alerta de ondas de calor para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e parte de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O alerta vale até a próxima quinta-feira (12) e nesses estados as temperaturas podem ficar até 5ºC acima da média.
São Paulo é, novamente, a metrópole com pior qualidade de ar do mundo. O site suíço IQAir, que monitora a poluição de grandes cidades, pontuou em 160 o índice da capital na segunda-feira. De acordo com os parâmetros do portal, a medição indica que o ar em São Paulo estava "insalubre". Nessa terça-feira, o índice da cidade é ainda pior: 161, o que coloca São Paulo à frente de metrópoles conhecidas pela poluição, como Nova Déli, na Índia, e Karachi, no Paquistão.
Enorme mancha de ar seco tomou conta do país. Com mais de 3,000 quilômetros de extensão e largura, a massa atingiu seu pico às 15h (horário de Brasília), quando cobria do Maranhão até Santa Catarina. Já entre leste a oeste, a mancha era ainda maior, ultrapassando os 3,200 mil quilômetros de largura, do Rio Grande do Norte a Rondônia. Segundo o Inmet, apenas Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Rio Grande do Sul não estavam com a maioria de seus territórios envoltos na bolha de ar seco.