Ursos-polares estão deixando as tocas mais cedo, e isso é um mau sinal


Uma pesquisa publicada na revista científica Journal of Wildlife Management revelou que filhotes de ursos-polares estão saindo mais cedo de suas tocas no Ártico. O aquecimento global pode ser o responsável por esse abandono e pode aumentar o risco do desenvolvimento da espécie.
O que aconteceu
Mudança no comportamento dos ursos-polares. Em Svalbard, na Noruega, os ursos-polares estão saindo de suas tocas por volta de 9 de março. Em observações anteriores de Svalbard em 1978-1979, a saída dos filhotes datava de 17 a 18 de março. "O que é mais de uma semana depois do que nossos dados indicam", aponta trecho do estudo.
Risco para os filhotes. No estudo, os pesquisadores alertam que esse abandono antecipado pode impactar negativamente a sobrevivência dos filhotes, que terão menos tempo para crescer e se fortalecer antes de enfrentar o ambiente gelado.
Nosso estudo fornece ferramentas para auxiliar ainda mais no monitoramento de um período vulnerável no desenvolvimento dos filhotes e avança nosso conhecimento de um período crítico, mas um tanto mal compreendido, da história de vida do urso-polar, quando as famílias podem enfrentar ameaças crescentes devido ao aquecimento do Ártico e à invasão humana associada em áreas de toca.
Saída aumenta risco para espécie
Tendência preocupante aumenta desafios da espécie. Esse fenômeno está se tornando cada vez mais comum e pode representar uma ameaça à conservação da espécie, tornando sua adaptação ao ambiente marinho ainda mais desafiadora. A espécie é categorizada como em "risco vulnerável à extinção" na Lista Vermelha da IUCN (quando há risco elevado de sua extinção na natureza).
Estudos anteriores indicam que filhotes que permanecem mais tempo na toca e emergem mais tarde têm maior taxa de sobrevivência. Pesquisadores observaram alterações significativas na fenologia da toca de ursos polares em Svalbard, possivelmente sinalizando uma resposta populacional às altas taxas de aquecimento e às mudanças no gelo marinho da região do Mar de Barents.
Com a saída precoce da toca, a taxa de mortalidade dos filhotes pode aumentar. "As mães podem acabar saindo da toca antes que os filhotes estejam preparados para isso, deixando os filhotes mais vulneráveis e aumentando a taxa de mortalidade", avalia Laura Reisfeld, veterinária-chefe do Aquário de São Paulo, responsável pelo tratamento dos ursos-polares ao UOL.