Márcio Anaya

A empresa em destaque nesta semana é a Weg (WEGE3), escolhida por Matheus Jaconeli, analista da Nova Futura Investimentos.

Segundo ele, a companhia apresentou resultados interessantes no último balanço. O lucro líquido do quarto trimestre de 2021 foi de R$ 874 milhões, com crescimento de 17,8% no comparativo anual. A receita líquida atingiu R$ 6,5 bilhões, com alta de 33,7%, e a geração operacional de caixa (medida pelo Ebitda) avançou 14,7% no período, totalizando R$ 1,1 bilhão.

"Os números foram muito bons, apesar de haver pressão nas margens [de lucro] devido ao avanço dos custos, ocasionado pelas restrições de oferta global", diz o especialista.

Neste ano, as ações da Weg registram baixa de 4,6%, até o dia 3 de março, após encerrarem 2021 com desvalorização acumulada de quase 12%. Para a Nova Futura, novas quedas podem representar uma chance de posicionamento no papel com horizonte de longo prazo.

Saiba mais sobre a Weg

A Weg é uma empresa global de equipamentos eletroeletrônicos industriais; produtos de geração, transmissão e distribuição de energia; tintas e vernizes e motores para eletrodomésticos.

Segundo relatório consolidado de 2021, a companhia possui parques fabris localizados no Brasil, Argentina, Colômbia, México, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Áustria, Alemanha, África do Sul, Índia e China, além de presença comercial em mais de 135 países.

Atualmente, emprega quase 37 mil pessoas ao redor do mundo.

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Na opinião de Jaconeli, os produtos fornecidos pela Weg possuem a chamada "demanda inelástica", ou seja, o interesse dos compradores varia pouco diante da queda ou aumento dos preços, o que é um fator positivo.

Além disso, o analista destaca que os últimos boletins de atividade mostram que a indústria ao redor do mundo continua com números razoáveis, evidenciando expansão.

"Internamente, a indústria e os setores de saneamento, construção civil e agrícola também contribuem fortemente para o desempenho da empresa."

Pontos a favor

• Diversificação produtiva e geográfica, o que diminui os riscos de exposição setorial e regional;
• Flexibilidade financeira: seu indicador de dívida líquida em relação ao Ebitda é negativo, o que significa que a empresa paga sua dívida com o lucro operacional e ainda sobram recursos em caixa;
• Retorno sobre o capital investido (ROIC) crescente. Em 2021, esse indicador chegou a 30,5%, evidenciando que os investimentos estão dando bons resultados;
• Boa participação nos mercados de energia solar e eólica, o que tende a beneficiar a companhia no processo de transição energética global.

Pontos contra

• Apesar de estarem abaixo da média da própria empresa, seus indicadores de "valuation" (valor real de uma companhia) são historicamente elevados em relação ao mercado;
• Apresenta atualmente pressão nos custos, como mostra a alta do Índice de Preços ao Produtor (avanço recorde de 28,4% em 2021), o que comprime suas margens de lucro.

De acordo com Jaconeli, os indicadores mostram que as ações da Weg estão muito próximas de um patamar considerado justo, por isso a indicação é neutra (nem compra, nem venda). "Todavia, tendo em vista os bons fundamentos da companhia, para o investidor que está focado no longo prazo, o papel acaba sendo uma boa alternativa."

Veja os principais indicadores da empresa:

Preço/lucro: a Weg tem apresentado um P/L de 34,78 vezes, abaixo da média dos últimos cinco anos (45,28 vezes), mas se trata de um patamar elevado para o padrão das ações brasileiras em geral. O índice mostra a relação entre o preço do papel em Bolsa e o lucro da companhia. Quanto maior, mais cara está a ação.

Preço/valor patrimonial: as ações da companhia têm sido negociadas a 9,15 vezes seu valor patrimonial - acima da média histórica de cinco anos (6,31 vezes). O P/VPA é obtido a partir da divisão do preço do papel pelo seu valor patrimonial e indica o quanto o investidor está disposto a pagar pelo patrimônio líquido da companhia.

EV/Ebitda (valor da empresa em relação à geração de caixa): está em 26,97 vezes, abaixo da média dos últimos cinco anos, de 31,14 vezes.

Segundo o analista, a Weg é uma boa alternativa para o investidor que busca uma companhia sólida e com bons fundamentos. "Por mais que a empresa tenha índices de valuation acima da média de boa parte dos ativos da Bolsa brasileira, suas perspectivas são positivas, tendo em vista seu bom posicionamento na área de energia renovável", afirma.

Jaconeli diz ainda que a flexibilidade financeira da companhia é um ponto que dá segurança ao investidor de longo prazo, tal como sua geração consistente de lucros e de retornos sobre o capital investido.

Quais são as perspectivas para a ação no médio e longo prazo?

Na avaliação da Nova Futura, o cenário para a companhia nesse horizonte é positivo.

"A Weg possui bons fundamentos, baixo endividamento e pode se aproveitar da transição energética mundial, dado que produz muitos insumos para energia eólica e fotovoltaica", comenta Jaconeli.

A presença internacional é também um trunfo do grupo, diz o analista.

Pela análise gráfica das ações da Weg, preparada por Bruna Sene, da Nova Futura, a tendência de curto prazo é de baixa.

Ela diz que, se a ação perder o nível de preço de R$ 28, tende a seguir em movimento de queda, podendo chegar ao patamar de R$ 24,30.

Para retomar a tendência de alta, afirma a especialista, os papéis da Weg precisariam subir acima dos valores de R$ 32,65 e R$ 36,70.

"Para quem busca oportunidades de compras no curto prazo, a recomendação é neutra", diz ela. "É importante aguardar novos sinais de retomada da tendência de alta para voltar a comprar a ação."

Bruna destaca, no entanto, que por ser uma empresa com bons fundamentos, o movimento de queda nas cotações pode representar oportunidades de compra para quem mira o longo prazo.

"Para aqueles que desejam se posicionar por vários trimestres ou anos, recomendamos realizar novos aportes nas regiões de preço abaixo do nível atual [na casa de R$ 31], como R$ 28, R$ 24,30 e R$ 17,35."