Levantamento de uma consultoria internacional indica que o programa "The Masked Singer" foi o formato mais comercializado no mundo em 2021, com 12 novas versões, incluindo a brasileira, feita pela Globo. É o terceiro ano seguido que o "The Masked Singer" lidera este mercado, segundo o relatório da K7 Media sobre os 100 principais formatos de TV comercializados no planeta. O segundo formato mais vendido em 2021 foi "Quem Quer Ser um Milionário" (nove mercados), seguido por "Game os Talents", um programa espanhol (negociado em sete mercados). A facilidade de produzir formatos já testados em outros países inibe o desenvolvimento de atrações originais e está deixando a televisão cada vez mais parecida no mundo todo. Lançado originalmente na Coreia do Sul, em 2015, pela Mun Hwa Broadcasting Corp., "The Masked Singer" chegou a ser alvo de interesse do SBT em 2020, mas foi adquirido pela Globo, que o realiza em coprodução com a Endemol Shine Brasil. A primeira temporada estreou em agosto de 2021 e a segunda, lançada em janeiro de 2022, terminou neste domingo. Em outubro, na semana do Dia das Crianças, a Globo vai exibir um especial do "The Masked Singer". Apresentado por Ivete Sangalo, vai reunir alguns dos 28 participantes das duas primeiras temporadas, que vão cantar e falar da experiência de ter participado da atração. Segundo os dados da K7 Media, "The Masked Singer" hoje conta com 41 versões em exibição. "The Voice" e "Quem Quer ser um Milionário", com 38 e 35 versões, respectivamente, são os outros formatos mais populares atualmente no mercado. A pesquisa indica, porém, que as vendas do formato coreano estão em queda - em 2020, ele foi comercializado em 23 mercados, contra 12 em 2021. Em breve, seguindo a lógica que move a televisão, um novo formato estará sendo reproduzido por televisões de meio mundo. A sedução dos formatos e o papel menor dos apresentadores A rotineira adaptação de formatos estrangeiros pelas principais emissoras nacionais mostra, por um lado, comodismo e falta de disposição para investir na criação de programas originais. Não chega a haver uma "ditadura dos formatos", como já se disse, já que ninguém é obrigado a comprar e adaptar formatos prontos. Mas não é apenas comodismo. Comprar um formato já testado em outros países pode ser um negócio muito menos arriscado e mais rentável do que gastar tempo e dinheiro criando um formato próprio. Em sua passagem pela Record, Gugu Liberato (1959-2019) trocou a apresentação de programas próprios pelo comando de dois formatos, "Power Couple" e "Canta Comigo". Refletindo sobre a experiência, numa entrevista que fiz com ele, em abril de 2019, Gugu disse bem: "Estamos na onda dos formatos e não sei até quando isso vai durar. Alguns desses formatos já vêm até com faturamento garantido de multinacionais. Isso torna-se muito mais interessante para as emissoras: investirem em algo cujo retorno financeiro é praticamente garantido". O problema do formato pronto é que ele esvazia o que há de mais pessoal em cada apresentador. É muito difícil deixar uma marca maior em um programa deste tipo, como sentiu Xuxa, por exemplo, comandando "Dancing Brasil", o mesmo Ivete Sangalo, no "The Masked Singer". Seguindo uma "bíblia" com as regras do formato, o comandante do programa acaba sem muitas chances de brilhar. Isso é visível, também, nos muitos "The Voice", da Globo, e tantas outras atrações importadas e adaptadas pela televisão brasileira.
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