Sob impacto da notícia da morte de Jô Soares (1938-2022) na sexta-feira (5), a primeira reação da Globo, ainda no dia, foi reexibir um episódio do "Viva o Gordo" no final da noite, após o "Globo Repórter".

Freud explica.

Junto com o nascimento da TV, em 1950, vieram os programas de humor. Inicialmente meras reproduções de atrações do rádio, eles foram ganhando identidade e se tornaram parte essencial da programação de quase todas as emissoras.

Nascida em 1965, a Globo não procurou inovar neste quesito. Nem havia como. Era praticamente obrigatório o investimento em programas de humor naqueles tempos. Não demorou muito para a emissora carioca conquistar para o seu elenco duas das maiores estrelas do gênero, Chico Anysio e Jô Soares.

O que ambos fizeram na Globo hoje faz parte da história da televisão. Os obituários de Jô foram fartos em lembranças de grandes momentos do comediante de "Faça Humor, Não Faça Guerra", "Satiricom", "Planeta dos Homens", "Viva o Gordo" e tantos outros.

O subtexto de tantas lembranças é irônico. A Globo deixou de produzir programas de humor para a TV aberta em 2020. No ano seguinte, o projeto de um humorístico que estava sendo criado foi suspenso e engavetado.

Diferentes gerações produziram humor de qualidade na Globo. "TV Pirata", "Casseta & Planeta" e "Tá no Ar", para citar apenas três, são filhos e netos dos programas que Chico e Jô fizeram.

Em 2022, a faixa reservada ao humor, aos sábados, foi definitivamente "enterrada". O "Altas Horas", de Serginho Groisman, deixou de ir ao ar no final da noite e ocupou o horário que tradicionalmente era dedicado ao riso.

Em julho, a Globo lançou, no You Tube, o "Novelei", um programa de humor realizado em parceria com a plataforma de vídeos. Encabeçado por Paulo Vieira, o grande talento recente que a emissora encontrou, a atração brinca com o universo das novelas com ironia e inteligência, mas está longe de ser um programa popular, para a TV aberta.

Outro grande talento da Globo no campo do humor, Marcelo Adnet, segue pouco aproveitado pela emissora. Fabio Porchat e Tatá Werneck conseguiram espaço para atrações que exibiram originalmente na TV por assinatura, e que também não têm a pegada da TV aberta.

Como bem lembrou a Globo ao homenagear Jô Soares, bons programas de humor produzem impacto. Porque humor de qualidade provoca, incomoda, causa polêmica, gera debate. Em 2022, a ausência de atrações deste tipo na grade, reduz a relevância de sua programação.

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O capítulo da última quinta-feira (4) de "Pantanal" começou com uma cena emocionante protagonizada por Filó (Dira Paes) e Zefa (Paula Barbosa). Lavando roupa, as duas foram às lágrimas quando Filó lembrou do momento em que José Leôncio (Marcos Palmeira) ajudou no parto de Tadeu (José Loreto), inclusive cortando o cordão umbilical do bebê. A emocionante cena se concluiu com um balde de água gelada — a exibição de um dos produtos de limpeza que elas estavam usando.

Longe de mim falar mal de publicidade. São os anúncios comerciais que garantem o negócio da televisão aberta. E a Globo tem motivos de sobra para festejar o merecido sucesso comercial de "Pantanal". Só no capítulo do dia 4, a emissora exibiu quatro ações comerciais dentro da novela, além da publicidade nos intervalos comerciais.

Mas exibir "merchandising" dentro da novela é uma arte, que exige cuidados. A ação comercial misturada com cenas da trama é sempre invasiva. No caso do merchan do produto de limpeza ao final de uma cena com alta carga emotiva, foi uma violência com o espectador. Um desrespeito mesmo.

Sabe aquela entrevista reveladora da atriz, contando histórias constrangedoras do passado, durante participação em um badalado podcast? Pode ser tudo verdade, mas talvez ela não possa revelar um detalhe: ela pagou para dar a entrevista.

Uma reportagem de Ashley Carman no site da Bloomberg (em inglês) revela que convidados de podcasts populares estão pagando até US $ 50 mil (cerca de R$ 250 mil) para participarem dos programas.

As entrevistas, desta forma, deixam de ser meramente informativas para se transformarem em veículo de publicidade não informada aos ouvintes. Segundo a reportagem, após ouvir uma dezena de fontes do setor, parece que a prática é particularmente popular entre os podcasts nas áreas de bem-estar, criptomoeda e negócios.

Como bem diz o texto, "em uma época em que os influenciadores digitais costumam ser pagos para mencionar marcas em postagens no Instagram ou em um vídeo do YouTube, esse casamento de conveniência não deve ser um choque completo". O problema principal, tanto para o podcaster quanto para o entrevistado, é não informar que há uma relação comercial envolvida na conversa.

"Um beijo pra Camila, minha irmã e médica da saúde"

Com a volta dos debates eleitorais, como o realizado pela Band entre os candidatos a governador de São Paulo, estão de volta também os momentos cômicos e sem sentido, como este protagonizado por Vinicius Poit (Novo), ao falar sobre suas propostas na saúde.