OPINIÃO
Moro fez o oposto de Deltan; PT e PL não devem recorrer ao STF
Raquel Landim
Colunista do UOL
22/05/2024 10h20Atualizada em 22/05/2024 13h57
O senador Sérgio Moro conseguiu salvar o seu mandato ao fazer o exato oposto do ex-deputado Deltan Dallagnol, avaliam advogados especialistas em direito eleitoral.
Moro se manteve o máximo possível fora da mídia, construiu apoios dentro e fora do Judiciário e sua defesa desconstruiu dentro do processo os argumentos da acusação.
A absolvição por unanimidade desanimou os partidos. O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse à coluna que não vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal. "Fizemos a nossa parte. Se a Justiça entendeu assim, está liquidado", afirmou.
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No PT, essa é tendência, mas ainda haverá uma discussão interna no partido. Até mesmo os políticos dentro do partido que pleiteavam concorrer a vaga de Moro ao Senado no Paraná avaliam que não vale a pena porque não há chance de sucesso.
A coluna conversou com quatro advogados especialistas e a avaliação é de que a chance de um eventual recurso do PL e do PT ao Supremo Tribunal Federal é zero.
O assunto não é matéria constitucional, que é a missão do Supremo e três ministros da corte já votaram no TSE: Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.
O voto do relator, o ministro Floriano de Azevedo Marques foi bastante contundente. Ele mandou recados aqui e ali de que "o juiz Moro cassaria o senador Moro", mas deixou claro de que faltavam provas contundentes contra o senador.
O consenso geral entre os senadores é que o julgamento foi técnico, mas não faltou movimentação política. Ao contrário de Deltan que partiu para o confronto, Moro recuou.
Ele buscou apoios no Judiciário e chegou até a se encontrar com o ministro Gilmar Mendes, um dos principais críticos da Lava Jato. Sempre tão isolado no Congresso, fez ainda a costura política, conseguindo o apoio do seu partido o União Brasil e dos senadores David Alcolumbre e Rodrigo Pacheco.
O advogado Gustavo Guedes, responsável pela defesa de Moro, conseguiu, portanto o que parecia impossível tempos atrás. Absolve-lo por unanimidade. Ao contrário de Deltan, que foi condenado por unanimidade.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL