Discurso populista ajuda Crivella com menos escolarizados na eleição do Rio
Brunno Carvalho e Hanrrikson de Andrade
Do UOL, em São Paulo e no Rio
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Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press/Ag. O Globo
Marcelo Crivella (PRB), candidato a prefeito do Rio de Janeiro
Líder das pesquisas desde o início da corrida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) mostra força entre os eleitores com menor escolaridade na cidade carioca. No levantamento feito pelo Ibope na última segunda-feira (26), o candidato aparece com 52% das intenções de votos entre as pessoas que estudaram até a 4ª série do ensino fundamental.
Analistas ouvidos pelo UOL apontam o discurso de campanha de Crivella como um dos responsáveis pela inserção nesse segmento da sociedade. Como slogan eleitoral, o candidato do PRB adotou a frase "chegou a hora de cuidar das pessoas".
"É um mote um tanto quanto populista, mas que deve funcionar. As pessoas estão precisando de atenção, por causa do desemprego, falta de dinheiro no Estado. Ele está potencializando nesse segmento popular", explica Ricardo Ismael, cientista político da PUC-Rio, que lembra que Crivella usou discurso parecido quando concorreu ao governo do Rio de Janeiro, perdendo no segundo turno para Luiz Fernando Pezão, em 2014.
Para Paulo Baía, cientista político e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o discurso de Crivella não se diferencia dos feitos por Indio da Costa (PSD) e Osorio (PSDB). A presença constante do candidato do PRB em eleições, no entanto, ajuda a difundir sua campanha.
"O mote da campanha é uma ideia mais genérica. Você não vê tanta diferença na campanha dele, do Osorio e do Indio da Costa. Mas o Crivella é mais conhecido em relação aos demais candidatos, ele vem de uma eleição em que foi para o segundo turno com o Pezão. Ele perdeu a eleição, mas conquistou uma vitória política."
Liderança entre os jovens
Outro destaque de Marcelo Crivella nas pesquisas é a liderança entre os eleitores de 16 a 24 anos. No levantamento do Ibope, 44% das pessoas dessa faixa etária dizem que votarão no candidato do PRB, contra 15% de Marcelo Freixo (PSOL) e 11% de Indio da Costa (PSD).
Para Paulo Baía, os números estão atrelados com a liderança entre os eleitores de menor renda. "É uma juventude que não está nas universidades". A opinião é corroborada por Ricardo Ismael.
"Os universitários estão todos com Freixo, e alguns com a Jandira. O foco do Crivella é no eleitor jovem que é pouco politizado, que rejeita a política e os políticos. Portanto, o discurso ideológico não chega nele, não sensibiliza ele."
Ismael alerta, no entanto, para a volatilidade desse voto. "Não é um voto ideológico, ele é mais volátil. O Crivella ainda não foi questionado nos debates, os adversários preferiram voltar as atenções para o Pedro Paulo (PMDB) e para a gestão do PMDB. E isso (questionamento) no segundo turno pode fazer com que esse voto mude."
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