Presidentes eleitos desde 1989 tinham ao menos 17% das intenções de voto em abril
Desde 1989, todos os candidatos à Presidência da República eleitos tinham ao menos 17% das intenções de voto em pesquisas Datafolha do mês de abril do ano da eleição, de acordo com levantamentos do instituto consultados pelo UOL.
Neste domingo (15), o Datafolha divulgou a primeira pesquisa feita após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 7. Ao todo, foram apresentados nove cenários, e apenas dois pré-candidatos superaram a "nota de corte" observada desde a redemocratização (17%): o próprio Lula, que foi testado em três quadros e variou entre 30% e 31% das intenções de voto, e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que nos seis cenários sem Lula ficou com 17%.
Quando o petista aparece, Bolsonaro chega a no máximo 16%. A ex-senadora Marina Silva (Rede-AC) alcançou 16% em uma das simulações de primeiro turno.
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Dos quatro presidentes que venceram as sete eleições realizadas nas últimas três décadas, Fernando Collor de Mello foi quem tinha o índice mais baixo em abril de 1989: 17%. O pleito vencido pelo hoje senador de Alagoas e pré-candidato à Presidência, pelo PTC, foi também o mais fragmentado da história do Brasil, com 22 candidatos.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) conseguiram "virar" a disputa, em 1994 e 2010. O tucano estava 16 pontos percentuais atrás de Lula em abril (21% contra 37% do petista), mas conseguiu vencer o pleito ainda no primeiro turno. Já a petista tinha entre 28% e 30% e perdia para o candidato do PSDB, José Serra, que liderava a pesquisa, variando entre 37% a 42% das intenções de voto.
FHC, por sua vez, teve o cenário mais favorável das sete eleições a essa altura da disputa quando se reelegeu para um segundo mandato, em 1998. Em abril daquele ano, ele já ostentava 41% das intenções de voto.
Para o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, a eleição de 2018 "talvez se aproxime mais da de 1989".
“Considerando que Lula de fato não será o candidato do PT, a tendência da fragmentação aumenta no primeiro momento, porque muitos candidatos vão entender que a eleição se encontra mais aberta", comentou, referindo-se ao fato de o petista estar teoricamente inelegível pela Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ele pondera, no entanto, que há ainda muitos "balões de ensaio". "Vamos ver quem é que vai passar pela convenção partidária [a partir de julho], vai conseguir articular alianças", disse Ismael, apontando que a pesquisa eleitoral é um elemento importante nesse processo. "Quem estiver perto ou acima de dois dígitos vai ter mais condições de ter sustentação partidária."
"Na verdade, eu acho que a eleição vai ficar entre uns cinco, seis, no máximo, que seriam competitivos para chegar ao segundo turno", opinou.
Veja a seguir a situação no Datafolha de abril dos presidentes eleitos desde a redemocratização:
1989 – Fernando Collor de Mello (então no PRN) – 17% em abril
Total de candidatos: 22
Abril foi justamente o mês em que Collor apareceu pela primeira vez na liderança de uma pesquisa Datafolha, com 17% das intenções de voto. No mês anterior, ele obteve oito pontos percentuais a menos (9%), ficando em quarto lugar. O primeiro turno da eleição daquele ano aconteceu em novembro.
O levantamento de abril testou outros dez candidatos, e quatro apareceram com mais de 5%: Leonel Brizola (PDT) teve 15%, Lula, 14%, Mário Covas (PSDB), 7%, e Ulysses Guimarães (PMDB), 7%. Em junho, Collor alcançou 42% das intenções de voto.
Ele liderou o primeiro turno da eleição, com 30,5% dos votos válidos, e disputou a segunda fase do pleito contra Lula, que obteve 17,2%. O candidato do PRN se elegeu com 53,03% dos votos ante 46,97% do petista.
1994 - Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – 21% em abril
Total de candidatos: 8
A primeira pesquisa realizada pelo Datafolha após o prazo final para que candidatos se desincompatibilizassem de cargos públicos, em abril de 1994, mostrou Lula na frente, com 37% das intenções de voto. Com 21%, FHC havia deixado o Ministério da Fazenda dias antes.
No fim de fevereiro daquele ano, o tucano anunciou a segunda fase do plano de estabilização econômica do governo Itamar Franco (PMDB). FHC só apareceu na frente do petista nas pesquisas após o lançamento do Plano Real, em julho.
FHC foi eleito no primeiro turno, com 54,3% dos votos válidos, contra 27,0% de Lula, 7,4% de Enéas (Prona), 4,4% de Orestes Quércia (PMDB) e 3,2% de Brizola.
1998 – Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – 41% em abril
Total de candidatos: 12
Candidato à reeleição, FHC liderou com folga a pesquisa realizada pelo Datafolha em abril 1998, que mostrou o presidente com 41% das intenções de voto, contra 24% de Lula, 8% de Ciro Gomes (PPS) e 7% de Enéas Carneiro (Prona).
O resultado da eleição de outubro reproduziu a ordem dos candidatos observada em abril daquele ano, mas com porcentagens diferentes. FHC teve 53,06% (e venceu no primeiro turno), Lula, 31,7%, Ciro, 10,97% e Enéas, 2,14%.
2002 - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – 31% em abril
Total de candidatos: 6
Em abril de 2002, o Datafolha testou quatro cenários para as eleições presidenciais. Lula liderou todos, variando entre 31% e 37% das intenções de voto. O segundo colocado, José Serra (PSDB), obteve de 19% a 26% das escolhas dos eleitores consultados.
O resultado do primeiro turno confirmou a vantagem de Lula apontada nas pesquisas. O petista recebeu 46,44% dos votos válidos, enquanto o tucano teve 23,20%.
Lula se tornou presidente com 61,27% dos votos no segundo turno, ante 38,73% de Serra.
2006 - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – 40% em abril
Total de candidatos: 7
Candidato à reeleição, Lula ficou em primeiro lugar na pesquisa realizada em abril de 2006 pelo Datafolha. Nos quatro cenários apresentados pelo instituto, ele obteve entre 40% e 44% das intenções de voto.
Segundo colocado no levantamento, Geraldo Alckmin (PSDB), que acabara de renunciar ao governo de São Paulo, teve de 20% a 25% da preferência dos entrevistados. Os outros dois principais candidatos, Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT), obtiveram de 1% a 7% no levantamento.
O petista e o tucano receberam, respectivamente, 48,61% e 41,64% dos votos válidos no primeiro turno. Na etapa final, Lula venceu o pleito com 60,83% dos votos (descontados os brancos e nulos). Alckmin, por sua vez, alcançou 39,17%.
2010 - Dilma Rousseff (PT) – 28% em abril
Total de candidatos: 9
O Datafolha foi às ruas em abril de 2010 e testou a candidata Dilma Rousseff em quatro cenários, nos quais ela obteve de 28% a 30% das intenções de voto.
Na ocasião, o candidato do PSDB, José Serra, que veio a disputar e perder o segundo turno contra a petista, liderava a pesquisa, variando entre 37% a 42% dos votos.
As posições se inverteram no resultado do primeiro turno, realizado seis meses depois: a petista recebeu 46,91% e o tucano, 32,61% dos votos válidos. Dilma venceu a eleição com 56,05% do total de votos válidos, contra 43,95% de Serra.
2014 - Dilma Rousseff (PT) – 38% em abril
Total de candidatos: 11
Na pesquisa divulgada em abril de 2014, a então candidata à reeleição tinha entre 38% e 43% das intenções de voto, e liderava a disputa nos três cenários em que foi testada.
Em outros dois panoramas, o Datafolha apresentou o ex-presidente Lula como o candidato do PT, que obteve 48% e 52% das escolhas.
Dilma foi para o segundo turno contra o senador Aécio Neves (PSDB) e ganhou o pleito, em outubro, com 51,64% dos votos válidos, ante 48,36% do tucano. No primeiro turno, ela recebeu 41,59% dos votos válidos –Aécio teve 33,55%.
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